Filme do Dia: A Morte de um Burocrata (1966), Tomás Gutierrez Aléa
A Morte de um Burocrata (La
Muerte de un Burocrata, Cuba, 1966). Direção: Tomás Gutierrez Aléa. Rot.
Original: Alfredo L. Del Cueto & Ramón F. Suárez, sob argumento de Aléa.
Fotografia: Ramón F. Suárez. Música: Leo Brouwer. Montagem: Mario González.
Dir. de arte: Luiz Márquez. Figurinos: Elba Pérez. Com: Salvador Wood, Silvia
Planas, Manuel Estanillo, Omar Alfonso, Elsa Montero, Gaspar De Santelices,
Richard Suarez, Luis Romay.
Após o enterro do tio, sobrinho
(Wood) procura exumar o corpo, pois com ele se encontra a carteira de trabalho,
objeto indispensável para dar entrada a pensão da viúva (Planas). Após uma
série de fracassos junto aos órgãos competentes, o próprio sobrinho resolve
exumar o caixão, com ajuda de alguns coveiros, e consegue a carteira de
trabalho. O problema agora consiste em conseguir voltar a enterrar o mesmo.
Essa precoce sátira ao crescente
caráter estatista e burocratizante que se transformou rapidamente a revolução
cubana é, amparada por diversas referências cinematográficas (O Cão Andaluz, filmes de Harold Lloyd,
Marilyn Monroe), que, como nos filmes da
Nouvelle Vague de pouco antes (Jules e Jim, Acossado) se estendem
para o próprio campo da linguagem cinematográfica (trucagens de áudio, foto
fixa, movimento acelerado, etc.). A ironia com a burocracia, anunciada já desde
os créditos inicias, sob o formato de um documento de repartição pública, acaba
servindo como mote único – e mais que excessivo - para o filme que não deixa de
também alfinetar o realismo socialista nos desenhos que são planejados no
trabalho do protagonista. O resultado final, que ainda procura flertar com o
erotismo possível para a época, soa decepcionante precisamente na falta do
elemento principal, o humor (algo que se repetiria em seu último filme, também
uma comédia com pretensões de crítica à sociedade cubana, Guantanamera). ICAIC. 85 minutos.
Comentários
Postar um comentário