Filme do Dia: A Súbita Riqueza dos Pobres de Kombach (1971), Volker Schlöndorff


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A Súbita Riqueza dos Pobres de Kombach (Der Plötzliche Reichtum der Armen Leute von Kombach, Al. Ocidental, 1971). Direção: Volker Schöndorff. Rot. Original: Volker Schlondorff & Margareth Von Trotta. Fotografia: Franz Rath. Música: Klaus Doldinger. Montagem: Claus von Boro. Dir. de arte e Figurinos: Hanna Axman-Razzoni. Com: George Lehn, Reinhard Hauff, Karl-Josef Kramer, Wolfgang Bächler, Harald Müller, Margarethe von Trotta, Joe Hambus, Walter Buschhof.

Maio de 1822. Grupo de camponeses cansados de viverem na miséria e recém-libertos da servidão, o que não modificou praticamente grande coisa em sua situação de penúria, decidem atacar o comboio que leva os impostos arrecadados na região, uma das fontes de sua exploração. Após cerca de cinco tentativas, finalmente conseguem êxito na proeza. Porém, o sucesso do roubo e a alegria que se segue se desfaz rapidamente quando surge uma investigação, auxiliada pelos próprios camponeses locais. Uma das pistas se encontra vinculada a um casamento realizado por um dos assaltantes, com recursos acima dos superiores para alguém de sua classe. Um a um, os envolvidos com a ação são presos. Enquanto dois deles se suicidam, os quatro principais envolvidos são condenados à morte. De todos eles, apenas um, Heinrich Geiz (Hauff), não se arrepende até o final de suas ações.

Por mais que o estilo de Schlöndorff sugira uma aproximação maior com um cinema mais clássico, sobretudo em seu gosto por adaptações literárias e valores de produção, algumas características o afastam igualmente daquele e o aproximam de um cinema de colorações modernistas. É o caso de sua própria estrutura visual, centrada em planos via de regra longos, de sua narrativa, de uma maneira geral orientada mais para o grupo como um todo que para personagens isolados, assim como para sua reflexividade enquanto narrativa baseada em um evento histórico, sempre lembrada pela narração distanciada que relata os eventos. E igualmente por seu caráter alegórico, capaz de transcender a narração em si própria, e apontar para um ethos social que oprime o lavrador de uma maneira que vai muito além das próprias instituições vigentes, como é o caso da justiça e da igreja, já que finda como afirma o único a se safar da perseguição empreendida aos envolvidos com a ação, incorporado nele próprio, incapaz de viver distante de sua prática, enquanto o viajante já faz planos de conhecer os utópicos Estados Unidos. Sua bela e vaporosa fotografia em p&b, assim como relativamente impressionantes cenas com a carruagem dos impostos acompanhada por uma trilha sonora algo triunfante, na talvez maior proximidade alcançada de um filme de gênero convencional, já percebidos nos momentos iniciais sugerem algo mais convencional – como seria boa parte da obra posterior do realizador – que de fato ocorre. Destaque para a participação mais destacada dos também cineastas Hauff e von Trotta, companheira do próprio Schlöndorff, assim como Fassbinder numa ponta. O filme, assim como o talvez menos bem sucedido Cenas de Caça na Baixa Baviera, trazem um aporte distinto e menos conciliatório para o tradicional gênero nacional do filme heimat, bastante valorizado nos tempos do nazismo e na produção subsequente da década de 50, voltado para temáticas que dizem respeito aos valores e tradições do campo, seja em um perfil histórico ou contemporâneo. Produzido para a TV. Hallelujah Film/HR. 102 minutos.


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