Filme do Dia: Cinco Covas no Egito (1943), Billy Wilder


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C inco Covas no Egito (Five Graves to Cairo, EUA, 1943) Direção: Billy Wilder. Rot.Adaptado: Billy Wilder&Charles Brackett, baseado em peça de Lajos Biro. Fotografia: John F. Seitz. Música: Miklos Rozsa. Montagem: Doane Harrison. Com: Franchot Tone, Anne Baxter, Akim Tamiroff, Erich von Stroheim, Fortunio Bonanova, Peter Van Eyck.
Segunda Guerra. Soldado John J. Bramble (Tone) recobra os sentidos a tempo de abandonar um tanque desgovernado em pleno Saara egípcio. Todos os seus companheiros se encontram mortos. Consegue arrastar-se até uma cidade próxima, onde chega no hotel em momento inoportuno, quando os alemães passam a tomar posse do local. Escondido pelo dono do hotel, um egípcio e escapando por pouco de não ser entregue aos oficiais alemães pela camareira francesa Mouche (Baxter), a solução que encontram é de passar a assumir uma nova identidade, a do alsaciano Paul Devos, garçom que morrera no bombardeio da véspera na adega do hotel. Pouco depois chega o grande estrategista da operação: Rommel (Von Stroheim). Dividindo o quarto com Mouche, Bramble passa a ter um plano para assassinar Rommel, mas Mouche faz com que desista em prol de seus próprios planos - um encontro (que acaba sendo frustrante) com o marechal, para pedir que liberte seu irmão do campo de concentração em que se encontra. Mouche ganha a simpatia de um tenente nazista, que promete-lhe que libertará o irmão. Após inúmeras situações de risco - inclusive a de ser desmascarado por oficiais britânicos aprisionados que conheceram o verdadeiro Davos - Bramble é enviado por Rommel para uma missão secreta no Cairo. Porém na noite de sua partida, um ataque aéreo faz com que todos se refugiem outra vez na adega e o tenente descobre o cadáver do verdadeiro Davos, sendo assassinado por Bramble. Descoberto o assassinato, Mouche é tida como principal suspeita quando Bramble   parte preocupado. Após retornar na ofensiva vitoriosa dos aliados, Bramble vai até o hotel e descobre a triste verdade: Mouche fora assassinada no dia seguinte, mesmo tendo sido provada sua inocência.
Terceiro longa-metragem de Wilder (segundo nos EUA). Embora uma evidente peça de propaganda, ainda assim, nos limites de seu esquematismo e preconceito (o medroso egípcio, a submissão do oficial italiano aos alemães na figura do ridículo Sebastiano), consegue garantir um bom suspense. Longe de qualquer pretensão de precisão histórica ou verossimilhança, o filme consegue ser interessante enquanto exemplo típico do cinema clássico americano da época. O prólogo lembra um moderno road-movie. Para quem se espanta com a simpatia do tenente nazista para com a camareira francesa, logo se descobrirá a verdade: Rommel afirma que o tenente nunca chegara a enviar qualquer comunicado dos campos de concentração atrás da filha desaparecida da mesma. Ainda que com seus virtuais excessos - a cena em que nosso herói adverte Mouche que não deve prender sua atenção particularmente ao irmão em vias de morrer, mas pensar sobre os milhares que dependem da ação deles ou a sequência final do discurso junto ao túmulo de Mouche, antes de voltar rapidamente para as fileiras da guerra - não deixa de ser involuntariamente comovente e humanista retrato de uma época que não havia espaço para sutilezas ou ambiguidades. Sem dúvida, o filme é mais tocante pela analogia imediata que se pode fazer com  a situação fora do quadro, extradiegética, enquanto evocador dos sentimentos mais ou menos válidos para milhões de pessoas nos mais diversos países, que por qualquer valor intrínseco. A cena em que Rommel se encontra na cama com um mata-mosquitos lembra o Mefistofeles do Fausto (1926) de Murnau. Exuberante fotografia em p&b do mestre Seitz. A ação da narrativa destaca da história os três dias que o protagonista permanece no hotel, tempo suficiente para ele desvendar o mistério do título e enviar uma cópia para os aliados, tal informação sendo vital para que o exército aliado (embora tal ação permaneça elíptica) se apodere do grande sortimento de mantimentos e combustíveis antes dos nazistas. RKO. 96 minutos.

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