Filme do Dia: Sob a Pele (2013), Jonathan Glazer
Sob
a Pele (Under the Skin, Reino
Unido/EUA/Suiça, 2013). Direção: Jonathan Glazer. Rot. Adaptado: Jonathan
Glazer & Walter Campbell, a partir do romance de Michel Faber. Fotografia:
Daniel Landin. Música: Mica Levi. Montagem: Paul Watts. Dir. de arte: Chris
Oddy & Emer O’Sullivan. Figurinos: Steven Noble. Com: Scarlett Johansson,
Jeremy McWilliams, Lynsey Taylor McKay, Dougie McConell, Paul Brannigan, Scott
Dymond, Michael Moreland.
Mulher atraente e algo estranha (Johansson)
atrai homens para o que pretende ser uma chance de sexo sem compromisso mas que
resulta em morte nessa ficção científica pretensiosa e aborrecida, tão passível
do humor involuntário quanto tentativas contemporâneas do cinema brasileiro de
flertar com o cinema de gênero com resultados irregulares, mas ainda assim mais
eficazes que o caso em questão (tal como em Quando Eu Era Vivo). Existe ainda uma versão motorizada de
ceifadeira implacável, caso a figura de alienígena que literalmente se despe de
sua pele humana ao final, fraqueje, no último momento, em sua missão ritual de
oferecer carona para desconhecidos, tal como ocorre com um homem que possui a
face desfigurada evocativa do personagem-título de O Homem Elefante. A ausência de uma trama dramática de linha mais
convencional, sem dúvida, pretende flertar com o público de um cinema que fuja
à rotina, algo cool, que mais parece
um disfarce para a pura incapacidade de se conseguir articular um discurso
narrativo mais consistente. Ou seja, em última medida o filme não consegue ser
bem resolvido nem no campo do entretenimento nem no artístico. Sobra tédio e
uma personagem que bom poderia servir de alusão (não muito sutil, mesmo
trespassada pelos interesses do gênero específico) a falta de sentido
existencial, atualização dos dramas de um personagem feminino de Antonioni,
caso fosse melhor elaborada e contasse com um roteiro e uma estrutura visual
que dessem alicerce a algo do tipo. Não é o que ocorre e nem se consegue emplacar
um mínimo senso de identificação que venha a lamentar pelo ridículo e súbito
fim a qual se encontra destinada sua errante personagem. Mesmo a contraposição
entre cenas intensamente documentais de ruas, carros e pessoas anônimas como as
que se tornam vítimas ao entrarem no carro da protagonista (aparentemente não
atores em situação que não sabiam que estavam sendo filmadas, algo defendido
pelo diretor mas pouco provável) com seu universo vinculado ao gênero
fantástico consegue ser minimamente estimulante. Pouco importa se verdade ou
não. Não se escapa, ao final de contas,
de uma subliminar mensagem algo moralista que identifica a promiscuidade sexual
à morte, já que as vítimas da alienígena são quase sempre homens solitários e
não pais de família respeitáveis. Film4/BFI/Nick
Wechsler Prod./JW Films/Scottish Screen/UK Film Council para StudioCanal. 108 minutos.
Comentários
Postar um comentário