Filme do Dia: Senhoras e Senhores - Corte Final (2012), György Pálfi

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Senhoras e Senhores: Corte Final (Final Cut: Hölgyem És Uraim, Hungria, 2012). Direção: György Pálfi. Rot. Original: György Pàlfi & Zsófia Ruttkai. Montagem: Judith Czakó, Réka Lemhényi, Nóra Richter & Káröly Szalai.
Proposta ao mesmo tempo inaudita e demasiado familiar, o filme envereda por uma narrativa construída, algo frouxamente, por trechos de produções das cinematografias as mais diversas, notadamente a europeia autoral e sobretudo a norte-americana, mais também o pouco conhecido cinema húngaro (aparentemente 30% de tudo que se assiste foi produzido por este), centrada na história de amor entre um homem e uma mulher, ou como se diz algo cinicamente em inglês, “boy meets girl”. Nesse aspecto, se se pode passear pelos mais diversos períodos e gêneros da história do cinema (até mesmo L´Arrivée d´un Train à La Ciotat vem a ser buscado, a determinado momento), os gêneros humanos acabam ficando restritos ao amor heterossexual. Ainda que a moldura da pretensão de se seguir uma única narrativa justifique tal propósito, a forma tradicional com a qual mesmo a relação entre homens e mulheres é descrita  é um tanto questionável em sua pouca variedade de soluções, com o corpo feminino, por exemplo, sendo objeto do prazer voyeurístico masculino, mas não o oposto, ou ainda os arroubos femininos com a chegada de seus homens em casa, representativo de uma eterna espera digna de uma homérica Penélope, para citar dois, dentre muitos outros casos. E como contrapeso a tudo isso não mais que uma reação a sucessão de tapas desferidos por homens contra mulheres, com o que nem sempre é seu oposto – em algumas situações se observa os homens sendo agredidos, mas o agressor [fora de campo] não é uma mulher.  Dito isso, assistir tal amontoado de imagens, por mais cinéfilo que se seja, calcadas sobretudo no recurso a similaridade de situações e guiado por alguns momentos de trilhas musicais ou canções que se tornaram, bem ou mal, emblemáticas dessa trajetória, não deixa de ser um exercício cansativo e algo estéril, como um prolongamento quase infinito daqueles clipes auto-celebratórios da história do cinema que são anualmente exibidos na festa do Oscar. E o fato de se apresentar algumas imagens de cunho erótico (cena de Garganta Profunda) não modifica em nada esse princípio.  De fato, com poucas exceções, como a reutilização de uma “sequência” de trechos de filmes, há pouco espaço para a experimentação ou uso verdadeiramente criativo das imagens, tais como alguns realizadores vem fazendo com arquivos fílmicos, tais como os curtas Kristall (2006) de Cristoph Girardet & Matthias Müller, Fast Film (2003), de Virgil Wildrich, com quem compartilha essa narrativa centrada em recortes de filmes, embora de perspectiva bastante diversa e, em menor medida, Glauces, de Joel Pizzini, sem sequer observar possibilidades completamente outras, menos inocentes, de se lidar com a herança de imagens que o cinema proporcionou como é o caso das História(s) do Cinema de Godard ou da menos interessante contrafação pós-modernista com intuito de comicidade como a efetuada com O Encouraçado Potemkin. Dentre os mais de 300 filmes que tiveram cenas apropriadas, Nosferatu (1922), Ben-Hur (1925), Metropolis (1927), O Anjo Azul (1930), Luzes da Cidade (1931), A Vênus Loira (1932), Chapaev (1934), Tempos Modernos (1936), A Dama das Camélias (1936), Branca de Neve e os 7 Anões (1937), ...E O Vento Levou (1939), Casablanca (1942), O Fantasma da Ópera (1943), Desencanto (1945), A Dama de Xangai (1947), Cinderela (1950), A Malvada (1950), A Marca da Maldade (1958), Um Corpo que Cai (1958), A Bela Adormecida (1959), Ben-Hur (1959), Acossado (1960), Psicose (1960), O Satânico Dr. No (1962), Oito e ½ (1963), Mary Poppins  (1964), A Noviça Rebelde (1965), Blow Up (1966), A Bela da Tarde (1967), Bonnie & Clyde (1967), Os Vermelhos e os Brancos (1967),  2001 (1968), O Bebê de Rosemary (1968), Era Uma Vez no Oeste (1968), Butch Cassidy & Sundance Kid (1969), Flor de Cacto (1969), O Amor (1971), Laranja Mecânica (1971), Cabaret (1972), O Poderoso Chefão (1972), Garganta Profunda (1972), Cenas de um Casamento (1973), Loucuras de um Verão (1973), Amarcord (1973), O Medo Devora a Alma (1974), Chinatown (1974), Uma Mulher sob Influência (1974), Tubarão (1975), Barry Lyndon (1975), Taxi Driver  (1976), Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (1977), Esse Obscuro Objeto do Desejo (1977), Contatos Imediatos do Terceiro Grau (1977), Apocalipse Now, Alien - O Oitavo Passageiro (1979), 1941 (1979), O Iluminado (1980), Apertem os Cintos...O Piloto Sumiu (1980), Os Caçadores da Arca Perdida (1981), E.T. (1982), Blade Runner (1982), Amadeus (1984), De Volta para o Futuro (1985), Highlander (1986), Uma Cilada para Roger Rabbit (1988), Thelma & Louise (1991), Drácula de Bram Stoker (1992), Pulp Fiction (1994), Amores Expressos (1994), Crash (1994), O Ódio (1995), Cassino (1995),  Carne Trêmula (1997), A Vida é Bela (1997), O Grande Lebowski (1998), Beleza Americana (1999), Clube da Luta (1999), Irreversível  (2002), Kill Bill, Vol. 1 (2003) e Babel (2006). HvD Prod./L&G Hungary/Szinház – és Filmmüveszeti Egyetem para L&G Hungary. 84 minutos.

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