Filme do Dia: Sedução do Pecado (1928), Raoul Walsh

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Sedução do Pecado (Sadie Thompson, EUA, 1928). Direção: Raoul Walsh. Rot. Adaptado: Raoul Walsh & C. Gardner Sullivan, a partir do conto de W. Somerset Maugham e da peça de John Colton & Clemence Randolph. Fotografia: George Barnes, Oliver T. Marsh & Robert Kurlle. Montagem: C. Gardner Sullivan. Dir. de arte: William Cameron Menzies. Com: Gloria Swanson, Lionel Barrymore, Raoul Walsh, Blanche Friederici, Charles Lane, Florence Midgley, James Marcus, Sofia Ortega, Will Stanton.
     Em Pago Pago, Samoa Americana, Sadie Thompson (Swanson), prostituta que não consegue embarcar imediatamente para Sidney por conta de uma epidemia de varíola, faz sucesso entre os entediados soldados do exército e passa dias na mesma pousada em que, rapidamente, provoca a fúria de um grupo de puritanos que também se encontra lá instalada, capitaneada pelo reverendo Alfred Davidson (Barrymore) e sua esposa (Friderici), extremamente chocados com o seu comportamento licencioso. Sadie se interessa pelo Sargento Timohy O’Hara (Walsh), enquanto Davidson negocia com o governador a sua deportação. Convertida por Davidson, Thompson rejeita as investidas desesperadas de O’Hara de leva-la consigo para Sidney, afirmando-se renascida e desfazendo-se de suas antigas roupas e da maquiagem. Porém Davidson sente-se atraído por sua nova pupila, que encontra no seu quarto, temerosa de ficar sozinha. No dia seguinte, o corpo dele é encontrado pelos nativos no mar.
      Mais luxuosa, porém menos interessante adaptação de Maugham que a realizada alguns anos após por Lewis Milestone (O Pecado da Carne). De fato, as opções quase sempre se somam mais explicitamente dadas e menos portadoras de ambiguidade que na versão sonora, independente de qual teria maior “fidelidade” à fonte original. Vai nesse sentido a suavização da sexualidade da personagem-título (original), rapidamente ancorada (e subliminarmente redimida) em amarrar seu coração ao de O’Hara, sargento que não apenas é representado de forma menos atoleimada que no filme posterior, inclusive sendo vivido pelo próprio realizador, em seu último papel como ator, como motivo de um amor da heroína que não é posto em dúvida, enquanto, no outro, pode ser apenas um passaporte para sua partida rumo a Sidney. Aliás, o grau de intervenção do mesmo sobre Sadie o é de quem observa nela uma verdadeira posse, o que nem de longe vem a ser o caso do mesmo personagem na produção de 1932, agindo como o típico impetuoso e viril herói romântico. Mesmo com o tratamento visual um tanto expressionista do filme, que mesmo fazendo menção às constantes chuvas locais, não consegue elaborar uma atmosfera à altura, nem de longe existem momentos inspirados, como o da conversão de Sadie, trabalhada inclusive na encenação de forma a confundir o espectador, como no outro. Para não dizer que Crawford traz uma aura realista quando comparada a qualquer diva muda como Swanson.  Embora o fotógrafo Barnes tenha sido triplamente indicado à categoria de fotografia este ano (dentre elas por esse filme), quem ganhou foi o único concorrente com outros fotógrafos (por Aurora). Um dos trunfos dessa produção são os momentos em que Davidson surge rezando logo após encontrar Sadie, que logo serão compreendidas pela má consciência de um personagem que não possui outra função que essa, o comerciante Joe Horn. Seu último rolo infelizmente se decompôs, e não é por acaso que se acha as cenas da descoberta do corpo de Davidson tão similares as do filme de Milestone, já que de fato são desse, somadas a stills dessa (numa curiosa solução, tendo sido Marsh quem filmou ambas as sequencias) versão restaurada em 1987. Duas outras adaptações sonoras do conto de Maugham seriam produzidas, sendo a última A Mulher de Satã (1953), com Rita Hayworth vivendo Thompson. Gloria Swanson Pictures para United Artists. 93 minutos. 

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