Filme do Dia: Crash - No Limite (2004), Paul Haggis


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Crash – No Limite (Crash, 2004, EUA/Alemanha). Direção: Paul Haggis. Rot. Original: Paul Haggis & Robert Moresco, a partir do argumento de Haggis. Fotografia: Dana Morales & James Muro. Música: Mark Isham. Montagem: Hughes Winborne. Dir. de arte: Laurence Bennett & Brandee Dell`Aringa. Cenografia: Linda Lee Sutton. Figurinos: Linda M. Bass. Com: Karina Arroyave, Dato Bakhtadze, Sandra Bullock, Don Cheadle,  Loretta Devine, Matt Dillon, Jeniffer Esposito, Brendan Fraser, Ken Garito, Nona Gaye, Terrence Howard, Chris “Ludacris” Bridges, Thandie Newton, Michael Pena, Yomi Perry, Ryan Phillippe, Ashlyn Sanchez, Marina Sirtis, Larenz Tate, Beverly Todd, Shaoun Toub.
A partir da descoberta do corpo de um jovem negro, Peter (Tate), volta-se no tempo para uma teia complexa de intrigas que envolvem: o investigador de polícia Graham (Cheadle), irmão do morto; sua mãe (Todd); o policial Ryan (Dillon), rude e violento, que abusa da mulher do apresentador de televisão Cameron (Howard), Christine (Newton); seu companheiro, o policial Hanson (Phillippe), que desaprova os métodos do parceiro; o comparsa de assaltos de Peter, Anthony (Bridges); o casal assaltado pela dupla, o promotor respeitado pela comunidade negra Rick (Fraser) e sua mulher Jean (Bullock); o comerciante persa falido Farhad (Toub), que acaba descontando sua ira contra o jovem chaveiro Daniel (Pena); a atendente de hospital Shaniqua (Devine), incapaz de compreender o drama do pai de Ryan.
Vigoroso mosaico de múltiplos problemas sociais condensados em dois dias. Sua estrutura narrativa, no entanto, está longe de ser tão original, no sentido de que devedora dos multi-enredos de Altman (notadamente Short Cuts) e realizadores posteriores como Anderson (de Magnólia). Talvez o maior mérito do filme seja evitar o maniqueísmo reinante tanto nas grandes produções fantásticas hollywoodianas quanto em muitos de seus filmes mais pretensiosos ou de denúncia. Nesse sentido, sua ironia a um passo do cinismo pode ser associada com outras produções que também fazem uso de uma gama de situações para discutir alguns dos dramas contemporâneos de suas nações, como é o caso de Bianchi (Cronicamente Inviável) e Gitai (Alila), sendo o último talvez quem mais invista em um adensamento maior nos dramas dos personagens. Pode ser que a mais explícita demonstração de como as intenções nem sempre rendem frutos de acordo com a moralidade de quem acredita nas mesmas, algo que um cineasta como Eric Rohmer, trabalhou ao longo de toda sua carreira de modo bem mais sutil, seja a vivida pela dupla de policiais Ryan e Hanson. Ryan, com toda sua truculência será capaz de arriscar sua própria vida para salvar a mulher que quase estuprara no dia anterior, enquanto Hanson, com todo seu bom mocismo, tornar-se-á um assassino. Interessante trabalho de fotografia, com tons esmaecidos e leves efeitos de flicagem. Como no filme de Anderson, ao final, não deixa de haver uma canção que colará a conduta de todos os personagens em locais e situações diversas, ainda que em Magnólia tal se dê de modo mais escancarado – no filme de Altman tal momento se dá na seqüência do terremoto. Bull´s Eye Ent./DEJ Productions/Apollo ProScreen GMbH/Blackfriars Bridge Films/Bob Yari Prod./Harris Co. para Lions Gate Film. 113 minutos.

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