Filme do Dia: O Fantasma da Ópera (1943), Arthur Lubin
O Fantasma da Ópera (Phantom of the Opera,EUA, 1943).
Direção: Arthur Lubin. Rot. Adaptado:
Samuel Hoffenstein, Hans Jacoby, John Jacoby & Eric Taylor, a partir
do romance de Gaston Leroux. Fotografia:
W. Howard Greene & Hal Mohr. Música: Edward Ward. Montagem: Russell
F. Schoengarth. Dir. de arte: Alexander Golitzen & John B. Goodman. Cenografia:
Russell A. Gausman & Ira Webb. Figurinos: Vera West. Com: Nelson Eddy,
Susanna Foster, Claude Rains, Edgar Barrier, Leo Carrillo, Jane Farrar, J.
Edward Bromberg, Fritz Feld, Fritz Leiber.
Enrique Claudin (Rains) é um
violinista ressentido com os problemas que acabaram por lhe fazer interromper sua
carreira de duas décadas na Ópera de Paris. Ainda assim, ele prefere se
endividar e ser ameaçado de ser expulso de seu apartamento a deixar de
custodiar a carreira do que acredita ser a futura diva da Ópera, a jovem
Christine Dubois (Foster). Impaciente, no entanto, envenena a veterana Biancarolli (Farrar), que passa mal
e é substituída por Dubois, troca que ocorre durante uma apresentação em curso e
se transforma em imediato sucesso. Porém, a pressão de denúncia policial de
Biancarolli, caso fosse substituída definitivamente, faz com que
Christine não a substitua. Em pouco tempo, no entanto, Biancarolli e sua criada
serão assassinadas por Claudin. Aconselhada a não participar da nova montagem
da Ópera, Christine é raptada por Claudin durante a apresentação em que ele
havia derrubado um gigantesco candelabro do alto.
Esse filme se torna um caso
particularmente curioso, dado que é tido como comum que o gênero horror somente
conheceu as cores com a produção britânica efetuada pela Hammer, a partir da
década seguinte. Aqui todo as cores extravagantes dos musicais que apenas
começavam a despontar, fazendo uso da paleta intensa do Technicolor –
Vincente Minnelli, os musicais com Betty Grable e Carmen Miranda – se
encontravam a serviço de uma releitura do próprio clássico que pôs o estúdio no
mapa da constelação hollywoodiana em 1925. E é não menos admirável ou ousado
que Lubin invista nos valores de produção e até mesmo numa faceta musical da
adaptação, ambos elementos que não poderiam ser ressaltados na produção
anterior, enquanto na mesma época a Universal produzia paródias baratas dos
clássicos Frankenstein (1931) e Drácula (1931), crias
sonoras dos filmes de terror mudos do estúdio, estrelados por Lon Chaney,
sobretudo da primeira adaptação da obra de Leroux. Talvez a reserva da crítica
e do público com relação a essa produção, em grande parte se deva a tais
excentricidades. Porém, quando se deixa de lado a quase obrigatória comparação
com o clássico de duas décadas antes o filme se sustenta relativamente bem, ao
menos em sua primeira metade. E antecipa referências à competitividade
impositiva que permeia o mundo artístico, que se tornarão o cerne de alguns
clássicos da década seguinte (A Malvada como
paradigma), ou de filmes que igualmente se ampararam no ressentimento de
carreiras truncadas abordadas por convenções do próprio gênero como As 7 Máscaras da Morte, sem necessidade
de fazer uso do sensacionalismo gráfico – a morte da veterana cantora e sua
camareira sequer são apresentadas. Infelizmente, o tino com que havia
conseguido construir a atmosfera que acompanha detalhadamente a desgraça do
Claudin vivido por Rains, assim como todo o contexto inicial, perde-se em sua
metade final, anêmica justamente a partir do momento em que o conflito ganha
proporções de sangue e investigação. Pode-se afirmar sem medo não apenas que os
elementos de terror se tornam esmaecidos pela ênfase dada aos bastidores do
universo teatral, como o melhor do gênero no momento se encontrava menos nessa
luxuosa produção que nos filmes baratos produzidos por Val Lewton para a RKO em
p&b. Universal Pictures. 92 minutos.
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