Filme do Dia: Amor (1971), Károly Makk

 


Amor (Szerelem, Hungria, 1971). Direção: Károly Makk. Rot. Adaptado: Péter Bacsó, baseado no romance de Tibor Déry. Fotografia: János Tóth. Música: András Mihály. Montagem: Györgi Sivó. Dir. de arte: József  Romvári. Cenografia:  Judit Vidéki. Figurinos: Piroska Katona. Com:  Lili Darvas, Mari Töröcsic, Iván Darvas, Erzsi Orsolya, Lázslo Mensáros, Tibor Bitskey, András Ambrus, Jozséf Almási.

Luca (Töröcsic) é a nora de uma velha senhora (Lili Darvas) em estado terminal, que ajuda a cuidar. A velha senhora , através das cartas que recebe, pensa que o filho, János (Iván Darvas) se encontra em Nova York, fazendo parte de  uma produção milionária, mas sobre o qual ainda não lhe adiantaram o seu cachê, quando na verdade se encontra preso por motivos políticos. Quando o filho finalmente é solto e retorna para casa, seu reencontro emocionado com a esposa também traz a novidade da morte da mãe.

Esse intenso filme de Makk, considerado dentre os melhores jamais produzidos no país, beneficia-se enormemente  do modo anti-sentimental, mas apaixonado, com que descreve todos os seus personagens e de sua praticamente quase nula ação dramática.  Se a presença do relógio e a senhora em estado terminal ao início assim como toda sua fotografia subordinada a um tom principal (aqui o branco)  sugerem uma aproximação com o Bergman de Gritos e Sussuros, que aliás é do ano seguinte, não nos tornamos sabedores de mais do que frações de segundo das reações psicológicas de seus personagens principais, representados por inserções de frações de segundo de sua virtuosa montagem. De resto, acompanhamos tudo de fora as ações dos personagens, deslocando-se o foco da narrativa para o filho justamente no momento da morte da velha senhora, de quem também somos poupados. Outra escolha que bem veio a calhar aos seus propósitos, por mais que tenha se dado por motivações que extrapolem a dimensão  exclusivamente dramática, foi a ausência de um discurso político proselitista ou uma contextualização das motivações que levaram János à prisão. Aqui, o que importa são as relações de afeto entre os principais envolvidos, como o próprio título sugere, e nesse ponto elas são perfeitamente contempladas. Prêmio do Júri e OCIC no Festival de Cannes. Hungarofilm/MAFILM Stúdió 1. 88 minutos.

 

 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Filme do Dia: Der Traum des Bildhauers (1907), Johann Schwarzer

Filme do Dia: El Despojo (1960), Antonio Reynoso

Filme do Dia: Quem é a Bruxa? (1949), Friz Freleng