Filme do Dia: Sete Homens e um Destino (1960), John Sturges
Sete Homens e um Destino (The
Magnificent Seven, EUA, 1960). Direção: John Sturges. Rot. Adaptado:
William Roberts, Walter Bernstein & Walter Newman, baseado no filme Os
Sete Samurais, de Akira Kurosawa. Fotografia: Charles Lang. Música: Elmer
Bernstein. Montagem: Ferris Webster.
Dir. de arte: Edward Fitzgerald. Cenografia: Rafael Suárez. Com: Yul Brinner, Eli Wallach, Steve McQueen, Host Buchholz, Charles Bronson, Robert Vaughn, Brad Dexter, James Coburn.
Chris Adams (Brinner) lidera um grupo de
pistoleiros que pretende salvar um miserável vila de agricultores mexicana
da exploração do bando liderado pelo temido Calvera (Wallach). Embora sejam
apenas sete contra os quarenta que formam o grupo dos bandidos, eles acabam
criando estratégias defensivas na vila e contando igualmente com o auxílio de
alguns agricultores e matan mais de uma dezena de seus rivais no primeiro
confronto. Porém, Calvera toma a vila de surpresa posteriormente, com o auxílio
de alguns simpatizantes locais. Expulsos da vila, o grupo de Chris retornará
para o confronto final e reconquistará a vila, ainda que apenas Chris, seu fiel
escudeiro Vin (Mcqueen) e o jovem e entusiasta Lee (Vaughn) sobrevivam.
Um verdadeiro receituário de clichês do gênero: dos
pistoleiros durões ao velho sábio do povoado; do jovem que pretende se inserir
no grupo de pistoleiros veteranos à partida dos desenraizados heróis ao final;
da radical oposição entre a ética da violência dos pistoleiros e o pacifismo
dos moradores do povoado à história de amor entre uma moça da comunidade e um
dos pistoleiros; da inverossímil superioridade dos mocinhos à trilha sonora,
que se tornou uma referência do gênero justamente ao explorar em dose acentuada
muitos de seus cacoetes. Adaptação ousadamente original do clássico de Akira Kurosawa
Os Sete Samurais, o filme possui algumas das sequências mais engenhosas
do gênero. Para além dos efeitos e das boas doses de realismo nas sequências
com cavalos, apresenta o habitual tom de misoginia do gênero, sendo que o único
personagem que é dado a possibilidade de vivenciar uma relação afetiva com uma
mulher é justamente o mais jovem, portanto “desculpado” por sua imaturidade.
Paradoxalmente quando procura fugir um pouco de seu próprio universo,
apresentando rápidos relances psicológicos, dimensão que passou a se sobressair
na década anterior com nomes como Nicholas Ray, é que o filme se torna menos
convincente, como quando Vin compartilha com um nativo que também sente medo
durante os combates ou quando um dos homens do grupo passa a questionar sua
própria coragem. Um universo tão demasiadamente misógino espelha inconsciente
seu oposto e não faltam ecos de homo-erotismo seja na admiração de Lee por
Chris ou – e principalmente – na verdadeira veneração que três garotos sentem
por seu ídolo, vivido por Bronson. Sua iconografia influenciará, sob forma de
pastiche, os westerns spaguetti da mesma década. Alpha Productions/Mirisch Co.
para United Artists. 128 minutos.
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