Filme do Dia: Valley of the Tennessee (1944), Alexander Hammid
Valley of the Tennessee
(EUA, 1944). Direção: Alexander Hammid. Música: Norman Lloyd.
Documentário que
aborda os benefícios econômico-sociais da Tennessee Valley Authority (TVA) para
o desenvolvimento da região, através de uma política que engloba desde um
sistema de irrigação racionalmente planejado, com a construção de diques e
usinas hidrelétricas, tecnologia agrícola em insumos e maquinário a ser
popularizada através de agricultores tornados “professores”, a partir do
momento em que compartilhem das ideias do programa. Formalmente, embora tal
tipo de documentário de cunho institucional não seja exatamente o local
apropriado para se encontrar indícios autorais, pode-se perceber elementos da
composição de imagem de Hammid, como por exemplo a presença de planos ponto de
vista que reproduzem a perspectiva do garoto que sobe uma colina em corrida
desenfreada – no plano mais bonito de todo o filme, observado a distância,
contrapõe-se o formato triangular da imagem lateral da colina com a imagem
plana do vale ao fundo – a partir do momento que observa a monumentalidade da
construção de uma barragem. Estratégia semelhante a presente em sua
representação do olhar de sua protagonista felina em The Private Life of a Cat, produzido no mesmo ano e de proposta bem
mais pessoal. Fazendo parte de uma série
bem menos conhecida que a Why We Fight,
de Capra, Projections of America, de
perfil bastante diferenciado e que busca apresentar um panorama do que são os
Estados Unidos no exterior. Curiosamente idealizada por seu ex-roteirista,
Robert Riskin. Ainda que sua ênfase em aspectos comezinhos da realidade local
possa sugerir uma aproximação com propostas contemporâneas como as celebrizadas
por Humphrey Jennings, tal como em Listen
to Britain (1942), aqui existe uma aproximação maior com o caráter
institucional do documentário e uma dependência da tradicional voz over, enquanto naquele a palavra
falada é secundarizada diante da imagem e de sons outros. A determinado
momento, por exemplo, ocorre uma coincidência quase literal (e labial) entre o que
o representante da TVA fala e a narração over que reproduz seu comentário,
tornando praticamente sinônimos a “voz da razão” tradicional do narrador do
documentário clássico e aquele. Como em The Forgotten
Village (1941), a desconfiança perante as novidades trazidas pela
modernidade é sempre fruto da ignorância e da superstição, aqui representada
pela cara de ceticismo da maior parte dos velhos fazendeiros que assiste a
reunião ou que inicialmente faz mofa daqueles que aderiram as propostas da TVA.
E se momentos como o da interação do
garoto com as mudanças provocadas pela modernidade sugerem uma antecipação de A História de Louisiana (1948), aqui
não se trabalha exatamente com a dimensão de personagens. OWI. 28 minutos.
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