Filme do Dia: Uma Cilada para Roger Rabbit (1988), Robert Zemeckis



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Uma Cilada para Roger Rabbit (Who Framed Roger Rabbit, EUA, 1988). Direção: Robert Zemeckis. Rot. Adaptado: Jeffrey Price & Peter S. Seaman, a partir do romance de Gary K. Wolf. Fotografia: Dean Cundey. Música: Alan Silvestri. Montagem: Arthur Schmidt. Dir. de arte: Roger Cain & Eliott Scott. Figurinos: Joanna Johnston. Com: Bob Hoskins, Christopher Lloyd, Joanna Cassidy, Stubby Kaye, Alan Tilvern, Richard LeParmentier, Lou Hirsch, Joel Silver.
1947. O detetive Valiant (Hoskins) é contratado por Roger Rabbit para buscar provas que o inocentem da acusação de assassinato praticado por personagens de desenho animado contra Marvin Acme (Kaye). Com o tempo se descobrirá que o Juiz Doom (Lloyd) é a  mente criminal que pretende se apossar do domínio de Toontown, não sendo exatamente o que parece ser.
Grandemente engenhoso em sua mescla pós-moderna de gêneros aparentemente incompatíveis como o da animação e do noir, o filme tira seu maior partido de outra mescla, entre animação e ação ao vivo, aqui não apenas elaborada com a mais refinada tecnologia (a presente nas animações pioneiras dos Irmãos Fleischer também já impressionavam) disponível à época, como ainda problematizando a relação do que diferencia o universo humano das animações no que concerne desde os truques mirabolantes e fantásticos até o fato de não morrerem após passarem vicissitudes as quais qualquer ser humano já estaria defunto há muito tempo. Sua bossa pós-moderna também se faz presente na miríade de referências ao próprio universo da animação, a partir já de uma das primeiras cenas em que os personagens animados ganham destaque, quando Donald Duck e Patolino traçam um embate ao piano, típico do universo da animação e não bastasse o fato de serem estrelas de estúdios diversos, uma característica praticamente única dessa produção, Patolino ainda se transforma em um visual próximo do alucinado Pica-Pau de um terceiro estúdio. E as referências não se restringem a animação, quando se observa a sua proximidade com universos como o descrito por Polanski em Chinatown. Dito isso, o filme não chega a cumprir de todo com suas promessas, algo que se deve, sobretudo, a um roteiro que escorrega no excessivo minimalismo dos combates, tal como se reproduzisse fielmente o espírito das animações da Warner do período. A substância mortal para os personagens de animação é a mesma que é utilizada para apagar as animações das células. Jessica Rabbit, embora esteja ancorada nas típicas femme fatales do noir, também o é da apropriação contemporânea desses pela animação do período retratado, que é a garota criada por Tex Avery para Red Hot Riding Hood (1943). É considerado o filme mais caro da década e embora produzido pela Disney, possui um estilo de humor mais próximo do universo da Warner, daí provavelmente a maciça inclusão de personagens do estúdio, assim como os falsos créditos iniciais que simulam a abertura da célebre série Looney Tunes.  A maquiagem para apresentar Los Angeles próxima da época é sortida e ao mesmo tempo discreta, porém mesmo para os padrões de um filme direcionado fortemente ao universo infantil, o elenco de apoio não é exatamente um primor, inclusive o vilão de Lloyd. Destaque para a inclusão de fortes cacoetes que evocam tanto o noir, caso da raiva que Valiant tem dos personagens animados, tal qual o desprezo que alguns detetives do gênero possuíam por aqueles que pagavam suas investigações, quanto a animação, como é o caso, dentre vários exemplos, da queda de Valiant de um arranha-céu provocada pelo perverso Piu-Piu e tendo como companhia eventual de cada lado, Mickey e Pernalonga, os maiores astros das duas companhias que tem seu repertório mais explorado pelo filme. Amblin Ent. para Touchstone Pictures. 104 minutos.



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