Filme do Dia: Em Paris (2006), Cristophe Honoré
Em Paris (Dans Paris, França, 2006). Direção e
Rot. Original: Christophe Honoré.
Fotografia: Jean-Louis Vialard. Música: Alex Beaupain. Montagem: Chantal
Hymans. Dir. de arte: Samuel Deshors & Emmanuelle Cuillery. Figurinos:
Pierre Canitrot. Com: Romain Duris, Louis Garrel, Joana Preiss, Guy Marchand,
Marie-France Pisier, Alice Butaud, Héléna Noguerra, Judith El Zein.
Paul
(Duris) e Jonathan (Garrel) são dois irmãos que vivem com o pai Mirko
(Marchand). Paul passa momentos de depressão extrema após sua separação de Anna
(Preiss) enquanto Jonathan se encontra com três mulheres diferentes em um mesmo
dia. Uma delas, Alice (Boutaud) aparece
a noite para visitar Jonathan. Ela escuta Paul. Paul e Jonathan possuem uma
sincera conversa.
Honoré,
habitual roteirista dos filmes de Gaël Morel, explora o intimismo que tornou
célebre a Nouvelle Vague décadas
atrás. E acaba, felizmente, por contornar o risco dos auto-condescendentes
filmes que exploram a própria neurose e imobilismo de seus personagens ao ponto
de contaminarem suas próprias narrativas. Para tanto, Honoré faz uso de módicas
incursões em elementos já bastante conhecidos do cinema moderno, como a
auto-consciência do narrador Jonathan, que se dirige diretamente ao espectador
em certos momentos do filme. Ou ainda a referência à produções contemporâneas
que estão sendo exibidas em salas de cinema no momento de sua filmagem. E
até mesmo arrisca, sem o mesmo sucesso, uma certa investida no humor sutil que
brota de situações do cotidiano que poderia sugerir um paralelo com Truffaut
(de quem também incorpora uma de suas atrizes recorrentes, Pisier, para uma
ponta irrelevante como mãe). O resultado final, por mais exaustivo que possa
ser, em seu absoluto desprezo por uma linha de ação mais efetiva, tampouco
deixa de ser recompensador em sua sensível abordagem do universo familiar
contemporâneo de matizes francamente esquizóides, em que um pai fraco é constantemente
remoído pela culpa do suicídio da filha na sua relação com os filhos.
Destacam-se a narrativa circular, bela
trilha musical jazzística e o momento em que Paul/Duris, após seu melhor
momento no filme, dialogando com a namorada do irmão, canta ao
telefone, numa chave mais evocativa de Resnais ou Demy do que da releitura de
Ozon. Gémini Films/Clap Films/CNC/Cine Cinemas/Canal+/Cofinova 2 para Gémini
Films. 92 minutos.
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