Filme do Dia: 2001: Uma Odisseia no Espaço (1968), Stanley Kubrick
2001: Uma
Odisséia no Espaço (2001: A Space Odissey,
EUA/Reino Unido, 1968). Direção: Stanley Kubrick. Rot.Adaptado: Stanley Kubrick
& Arthur C.Clarke,baseado no conto The Sentinel, de Clarke. Fotografia:
John Alcott & Geoffrey Unsworth . Música: György Ligeti. Montagem: Ray Lovejoy. Com: Keir Dullea, Gary
Lockwood, Frank Poole, William Sylvester, Leonard Rossiter, Margaret Tyzack,
Douglas Rain.
A Alvorada do Homem. Macacos com traços hominídeos
convivem em uma vasta planície. Dormem, brigam, caçam, são caçados, adoram um
monolito negro. Após assassinato coletivo de um membro do grupo seu osso voa
para o alto e agora se acompanha a trajetória da nave onde o dr. Heywood Floyd
(Sylvester), que comandará a próxima expedição para a Lua, encontra-se. Interrogado por um grupo de cientistas russos liderados pelo dr. Smyslov
(Rossiter), sobre os estranhos fatos que são relatados a respeito da última
expedição, dr.Floyd afirma que não se encontra liberado para fornecer tais
informações. Despede-se de sua filha, que completa aniversário e embarca para a
missão, que o leva com um grupo de cientistas a visitar o famoso monolito
negro, que acreditam ter alguma coisa há ver com os problemas sobre a missão
espacial anterior e com a própria existência de vida extra-terrena. Quando um
dos membros da equipe tem a ideia de tirar uma foto do grupo, um barulho
ensurdecedor abafa tudo o mais. Missão Júpiter: 18 meses depois. 1 ano e seis
meses depois uma nova expedição, comandada pelo astronauta David Bowman
(Dullea) parte para Júpiter. Junto com David, estão presentes o astronauta
Frank Poole (Lockwood), o computador Hal-9000 e alguns astronautas que se
encontram em estado de hibernação. Interrogado em uma entrevista comandada da
terra sobre a possível presença de sensibilidade no computador, dado que suas
respostas a entrevista soaram excessivamente pessoais, David é lacônico. Ele recebe uma mensagem de aniversário de
seus pais. Tudo transcorre aparentemente na mais pura normalidade. Certo dia,
porém, quando David esboça uns desenhos da sala onde os outros astronautas se
encontram hibernando, Hal pede para ver seus esboços, diz que ele está
evoluindo e pergunta-lhe sobre a tensão a respeito da missão, como se
pressentisse que algo poderia ocorrer de errado. Pouco após esta conversa,
ocorre uma pane em um dos sistemas operacionais da nave e, caso nada seja
feito, em 72 horas ele terá que ser desativado. Frank parte para descobrir o
que houve de errado e, quando retorna com a bateria, descobre que tudo se
encontra na mais perfeita ordem. Ao se comunicarem com a estação na terra, são
informados de que se tratou de um erro do computador. Conversando com Hal, esse
afirma que os computadores de sua geração nunca cometeram qualquer tipo de
erro. David convida Frank para conversarem na pequena nave em que Frank fizera
a inspeção. Desligam todo o sistema de som até terem certeza de que não estão
sendo ouvidos por Hal. Porém esse consegue ler os lábios de ambos e os planos
para desativá-lo, caso ele continue a apresentar problemas. Quando Frank parte
novamente para recolocar a bateria, Hal faz com que seu sistema de oxigenação
seja interrompido, provocando sua morte. David, que assiste a tudo, parte para
tentar buscar o corpo do companheiro, que vaga pelo espaço. Após conseguir
alcançá-lo, com a garra mecânica da nave, tem que enfrentar a desobediência de
Hal de abrir os portões da nave-mãe para que ele retorne. Insistindo quase ao
desespero, David obtém como resposta que esta missão é especial demais para que
ele a atrapalhe. Ainda que sem se encontrar com o capacete especial de
proteção, David consegue com os braços mecânicos consegue abrir um dos
compartimentos, voltando a nave sob o impacto de grande pressão. Se dirige até
o computador e, aos poucos - enquanto este admite que cometeu alguns erros, mas
que não voltará a cometê-los e canta uma canção que um técnico da indústria em
que foi produzido lhe ensinou - consegue desligá-lo. Júpiter, Além do Infinito.
Aproximando-se agora de Júpiter, David sofre uma série de descargas de
luminosidade. A nave sobrevoa a estranha paisagem que compõe o planeta. A
pequena nave se encontra agora nos aposentos de um senhor - o próprio David -
que faz sua refeição.
Clássico
absoluto da ficção-científica e do cinema em geral, o filme de Kubrick foi um
divisor de águas no gênero, tanto pelos efeitos revolucionários (que sofreriam
uma nova revolução apenas com Guerra nas
Estrelas, 9 anos após), como pela amplidão do tema e profundidade com que
eleva o filme de ficção (temas metafísicos que seriam, de certa forma
retrabalhados, sem o suporte dos efeitos, por Tarkovski em Solaris). Extraordinários são
também a direção de arte, o som (tanto em termos de tecnologia, como de
utilização dramática) e o uso da música (em especial os temas de Danúbio Azul de Johann Strauss,
acentuando a dimensão épica e homérica da aventura humana no espaço e de Assim Falou Zaratrusta, de Richard
Strauss, enfatizando a revolução operada pelos macacos quando começaram a
dominar instrumentos). Inúmeras sequências poderiam constar em qualquer
antologia do cinema como a de Hal lendo os lábios dos dois astronautas ou
cantando próximo de ser desligado, as psicodélicas imagens que antecedem a
chegada, assim como as próprias imagens de Júpiter, a do encontro final de
David consigo próprio e do nascimento da vida, etc. Extremamente
cinematográfico, o filme prescinde de grandes diálogos e atuações (nenhum
personagem chega a ser tão importante assim, o que poderia levantar uma
discussão a respeito do possível caráter fascista dessa visão do homem
diminuído quase à nulidade frente a uma totalidade maior, que seria tanto
a tecnologia, como diriam os mais críticos, como o próprio universo, como
poderiam afirmar os menos antropocêntricos) conseguindo sua mais pura expressão
nas próprias imagens. Inúmeras vezes reverenciado - como em Até o Fim do Mundo de Wenders - e
parodiado ao longo dos últimos trinta anos. Recebeu o National Film Registry em
1991. MGM. 139 minutos.
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