Filme do Dia: Babel (2006), Alejandro González Iñarritu

 


Babel (EUA/França/México, 2006). Direção: Alejandro González Iñarritu. Rot. Original: Guillermo Arriaga a partir do argumento de Arriaga e González-Iñarritu. Fotografia: Rodrigo Prieto. Música: Gustavo Santaolalla. Montagem: Douglas Crise & Stephen Mirrione. Dir. de arte: Brigitte Broch & Rika Nakanishi. Cenografia: Yoshihito Akatsuka. Figurinos: Michael Wilkinson. Com: Brad Pitt, Cate Blanchett, Mohamed Akhzam, Peter Wight, Boubker Ait El Caid, Gael Garcia Bernal, Adriana Barraza, Abdelkader Bara,  Said Tarchani, Elle Fanning, Natham Gamble, Rinko Kikuchi, Koji Yakusho, Sanae Miura, Satoshi Nikaido, Nobshige Suematsu.

Turistas no Marrocos, Richard (Pitt) procura salvar seu casamento com Susan (Blanchett) da constante pressão em que vivem, porém ela acaba sendo vitimada por uma bala perdida, disparada por acaso por um garoto da montanha, que ganhara o rifle de presente do pai, que por sua vez o havia ganho de um pobre camponês que o recebera de um turista japonês, Yasujiro (Yakusho). Enquanto isso, nos Estados Unidos, a babá dos filhos (Fanning e Gamble) do casal, Amelia (Barraza), parte com Santiago (Bernal) para o casamento de um de seus filhos, levando também as crianças. A filha de Yasujiro, Chieko (Kikuchi) é uma emocionalmente problemática adolescente que acredita que a polícia se encontra atrás do pai, por conta do suicídio da mãe. Ao retornar a fronteira americana, Santiago foge violentamente da polícia e abandona Amelia e as crianças no deserto.

Iñarritu apresenta quatro realidades sócio-culturais bastante distintas (a classe média alta japonesa e americana, camponeses marroquinos e o lumpem-proletariado mexicano) unidas pelo motivo de um rifle. Distanciando-se de qualquer teor político mais preciso, o filme se engaja em revelar que todos sofrem com a violência, ainda que os mecanismos em que ela seja investigada sejam bastante distintos, a depender da situação social (a humilhação dos camponeses marroquinos e da empregada mexicana, a respeitosa aproximação do americano e japonês). Fazendo uso de uma montagem rebuscada (algo que já havia demosntrado em seu talvez menos pretensioso Amores Brutos) e de uma câmera nervosa, pseudo-jornalística, pode-se dizer que Iñarritu a seu modo revisita o mote da família branca americana ameaçada por forças exteriores, verdadeiro constituinte da dramaturgia cinematográfica america,  em escala globalizada e multifacetada, como pede o tempo. Ao contrário da tradição, no entanto, Iñarritu faz ver também o lado oposto da moeda, que ameaça, ainda que involuntariamente, a desintegração dessa família (a empregada mexicana, as crianças marroquinas) e tampouco faz o ciclo se fechar com uma apaziguadora volta à normalidade – silencia sobre o destino das crianças. Em alguns momentos, sobretudo no mais deslocado dos episódios, o japonês, o filme parece perder o ritmo, como na desnecessariamente longa seqüência na noite de Tóquio, sob a perspectiva de uma alucinada Chieko. Anonymous Content/Babel Productions/Central Films/Dune Films/Media Rights Capital/Zeta Film para Paramount Vantage. 143 minutos.

 

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