Filme do Dia: Soy Cuba, O Mamute Siberiano (2005), Vicente Ferraz



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soy Cuba, O Mamute Siberiano (Brasil, 2005). Direção e Rot. Original: Vicente Ferraz. Fotografia: Tareq Daoud & Vicente Ferraz. Música: Jenny Padrón. Montagem: Dull Janiel & Mair Tavares.

Documentário que revisita o caso único da produção grandiloquente Sou Cuba (1964), considerado um exemplo temporão de realismo socialista, quando de seu lançamento, desagradando tanto a cubanos quanto soviéticos, que pela primeira vez se uniram num esforço de 14 meses para a realização do filme, e que foi “redescoberto” no final dos anos 1990 por Coppola e Scorsese, sendo relançado em cópias novas e chegando ao mercado de vídeo. O tocante do filme, apoiado sobretudo em imagens de arquivo, do próprio filme e depoimentos com os sobreviventes da produção, é o que consegue suscitar com relação a própria experiência da vida e a aos caprichos momentâneos do que pode ser considerado um sucesso ou fracasso. Nesse sentido é justamente ao sugerir que se encerra, após a desastrosa estreia do filme que logo saiu de cartaz, tendo sido massacrado pela crítica, que o documentário dá uma reviravolta com a reavaliação crítica que o filme suscitou nos Estados Unidos e busca captar essa reação entre seus depoentes, sendo que muitos deles somente possuem acesso a essas notícias através de Ferraz. No entanto, essa virada do documentário também é tão passível de reflexão quanto a própria reavaliação do filme, não importa aqui o mérito ou não da mesma, sendo que Alfredo Guevara apresenta um comentário sugestivo ao final sobre a mesma (já que agora se tornou um fóssil e a Guerra Fria já não possui o sentido que tivera, o filme pode ser admirado). Ou seja, o fato de perceberam que o filme está ganhando uma nova compreensão ou pelo menos espaço de divulgação é, sem dúvida, fundamental ou importante para muitos daqueles que participaram de sua produção e não receberam nenhum retorno à época, num reconhecimento tardio que possui seus paralelos com Buena Vista Social Club, e um de seus depoentes chega a comentar sobre a importância que isso tem, para a compreensão auto retrospectiva de parte importante de sua própria vida. Porém, efetivamente tal tratamento traz dois problemas consigo: a possibilidade de reavaliação desse passado, inclusive em termos de autoestima pessoal (seu mais importante colaborador, Serguei Urusevski, responsável pelos inimagináveis planos - sequências do filme de tão virtuosos que são, morreu desgostoso por não ter tido nenhum aceno nesse sentido) possui aqui seus limites, já que mesmo que tenha provocado um impacto importante na vida de seus participantes, aqui tal impacto fica restrito a um momento de primeiro contato com ele (ao contrário, por exemplo, de um filme como Cabra Marcado para Morrer); e, consequentemente, a um contato que produz (e é visivelmente articulado a produzir) um forte efeito emocional e mesmo dramático, como de fato produz, que tende a provocar uma manipulação emocional talvez um tanto rasa em termos do que mereceria, “salvando” literalmente o filme de ser uma mediana investigação sobre um evento passado e suas repercussões. Três Mundos Prod. para Imovision. 90 minutos.

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