Filme do Dia: O Império da Paixão (1977), Nagisa Oshima
O Império da Paixão ( Ai No Borei, Japão/França, 1977) Direção: Nagisa Oshima.
Rot.Adaptado: Nagisa Oshima baseado o romance de Itoko Namura. Fotografia: Yoshio Miyajima. Música:
Toru Takemitsu. Montagem: Keiichi Uraoka. Com: Tatsuya Fuji, Kazuko Yoshiyuki,
Takahiro Tamura, Takuzo Kawatani, Masami
Hasegawa, Kenzo Kawarazaki, Akiko Koyama, Taiji Tonoyama.
Seki (Yoshiyuki), esposa do agricultor
de meia-idade Gisaburo (Tamura), que trabalha para um grande proprietário de
terras, sempre recebe presentes do jovem
Toyoji (Miyajima), em sinal de seu apreço e amizade. Certo dia, Gisaburo
sutilmente lhe adverte que Toyoji pode se encontrar apaixonado por ela, ao que
ela retruca que é impossível, dada a diferença de idade entre ambos. Porém,
após embriagar-se, Toyoji revela sua atração por Seki, visitando-a em casa
certa noite, e fazendo amor. A mútua paixão e desejo leva Toyoji a planejar a
morte de Gisaburo. Inicialmente ofendida, Seki concorda, acreditando ser a única
forma de concretizar por inteiro seu amor. Após chegar do trabalho, à noite,
Gisaburo é embebedado com porções generosas de saquê, sendo assassinado por
ambos. Aterrorizada com o que fez, Seki entra em estado de choque, mas é levada
a carregar o cadáver, juntamente com Toyoji, até um dos poços da propriedade.
Ao contrário do que Seki esperava, no entanto, Toyoji se distancia, para que
nenhuma suspeita pese sobre eles. Quando as pessoas começam a indagar sobre a
ausência do marido, Seki afirma que ele se encontra em Tóquio, trabalhando. À
noite, no entanto, começa a ter visões do fantasma do marido. Procura o consolo
com Toyoji, mas este a recusa. Inicia-se uma investigação policial. Toyoji,
para acobertar o cadáver, todo dia joga folhas secas sobre o poço. É
surpreendido, certo dia, pelo filho do proprietário, que desconfia dele. Assassina-o
. Vítima cada vez maior de alucinações, Seki põe fogo em sua casa, enquanto
Toyoji, arrependido, pede-lhe para que o deixe entrar. São presos pelas
autoridades e levados para uma lenta execução pública.
Sem a mesma força
e caráter transgressor e iconoclasta de seu filme anterior, O Império dos Sentidos (1976), Oshima
parece se aproximar aqui das características habituais associadas aos chamados
“filmes de arte” europeus, seja em sua grande estetização visual ou no plano
estritamente narrativo. A clássica
narrativa da traição do marido e depois não consumação do amor extra-conjugal,
possui uma centenária tradição literária e, no cinema, entre outros exemplos,
filmes como Pacto de Sangue (1944)
de Billy Wilder e Crimes D´Alma
(1950), de Antonioni. Este filme teria potencialmente como diferencial apenas a
apresentação do drama clássico sob o filtro da cultura local, mas esta é
apresentada de forma grandemente superficial (as pitadas de realismo fantástico
nipônico soam não menos inconvincentes). O que talvez falte para tornar mais
densa a motivação da traição - já que esta se consuma rapidamente - certamente
sobra no cansativo desenvolvimento da narrativa após o crime e seu esperado
desfecho final. Muito menos possui qualquer
atmosfera convincentemente
erótica. Prêmio de direção no Festival de Cannes. Argos Filmes/Oshima
Productions. 110 minutos.
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