Filme do Dia: O Caldeirão de Santa Cruz do Deserto (1986), Rosemberg Cariry
O
Caldeirão de Santa Cruz do Deserto (Brasil, 1986). Direção: Rosemberg Cariry.
Rot. Original: Rosemberg Cariry & Firmino Holanda. Fotografia: Ronaldo
Nunes.
A
história do Caldeirão de Santa Cruz do Deserto é evocada através tanto de
técnicas comuns ao gênero documental – fotos fixas, imagens antigas e
depoimentos filmados pela produção de sobreviventes e estudiosos do assunto
- como de recursos provenientes da
cultura local, que procuram dar conta do escasso material iconográfico
–bumba-meu-boi, cordel, violeiro, encenação teatral ao ar livre e pequenas
figuras de barro que ajudam a representar momentos da narrativa. Mesmo que
alguns recursos tenham sido mais bem utilizados que outros – as figuras de
barro, por exemplo, conseguem provocar uma metáfora interessante, consciente ou
não, com a própria fragilidade da figura humana, enquanto a representação
teatral no centro da cidade é perfeitamente dispensável, o resultado,
semi-amadorístico, em nada compromete a compreensão do evento histórico que se
propõe apresentar. Entre seus melhores momentos encontram-se os depoimentos de
pessoas ligadas à repressão ao Caldeirão, uma delas justificando até hoje o seu
propósito, a improvisação de Patativa do Assaré (de um belo e imponente ângulo)
e a seqüência em que três pessoas, entre descendentes e sobreviventes do
Caldeirão, revisitam o local do massacre. Uma das soluções mais interessantes
que perpassam o filme é a utilização de imagens contemporâneas de Juazeiro para
ilustrar a narrativa histórica, recurso que, ao mesmo tempo em que auxilia a já
citada escassa iconografia, identifica uma forte persistência do passado no
presente (1984). Cariry Produções Artísticas/Governo do Estado do
Ceará/UFC/Embrafilme. 78 minutos.
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