Filme do Dia: Expresso para Bordeaux (1972), Jean-Pierre Melville
Expresso
para Bordeaux (Um Flic,
França/Itália, 1972). Direção e Rot. Original: Jean-Pierre Melville.
Fotografia: Walter Wottitz. Música: Michel Colombier. Montagem: Patrícia Neny.
Dir. de arte: Théobald Meurisse. Cenografia: Pierre Charron. Figurinos: Colette Baudot.
Com: Alain Delon, Richard Crenna, Catherine Deneuve, Riccardo Cucciolla,
Michael Conrad, Paul Crauchet, Simone Valère.
Após assaltarem banco de uma pequena cidade, um homem do
grupo se fere gravemente. Ele é deixado em um hospital e é morto por um membro
da quadrilha que não participou do assalto, Cathy (Deneuve), mulher da noite
que trabalha na boate cujo proprietário, Simon (Crenna), é também o líder do
bando, e que é freqüentada igualmente pelo comissário de polícia Coleman
(Delon), sendo os dois amantes de Cathy. Simon participa de uma rocambolesca
operação em que consegue, a partir de um helicóptero, roubar duas malas cheias
de cocaína de um trem em movimento, antes que a polícia detenha o traficante.
Porém, a identificação do homem morto do bando e a prisão de um outro fecham o cerco ao grupo. Paul Weber (Cucciolla) se suicida antes de ser
pego e Simon é morto pelo amigo Coleman diante de Cathy.
A atmosfera do filme, que Melville construía com sua
habitual maestria, advém de diálogos lacônicos e de elegantes movimentos de
câmera e cortes secos utilizados na urdidura sem pressa de uma narrativa que se
apresenta em boa parte da primeira metade do filme tal e qual um
quebra-cabeças. A desconfiança sobre quem sabe o que transparece através dos
olhares trocados. A expressão do suspense de Melville tampouco se dá a la
Hitchcock, mas antes pelo contrário, através desse mesmo silêncio e de um
preciso uso do tempo, prolongando alguns planos para além do habitual. Técnica
que é utilizada com mais ênfase na seqüência final, na qual Coleman interrompe
a tentativa de diálogo iniciada por seu assistente, que se encontra a seu lado
na viatura policial, suscitando o subentendido, e findando por ser mais
expressiva que qualquer diálogo. É evidente que ao fazer o agente da justiça e
do crime compartilharem o mesmo ambiente e a mesma mulher o realizador está
mais que sugerindo que se tratam, na verdade, de duas faces de uma mesma moeda.
E Coleman deixa isso evidente no tratamento brutal que dispensa aos que são
interrogados. Último dos 14 filmes dirigidos por Melville, que morreria no ano
seguinte. Corona Cinematografica/EIA/Oceania Produzione/Paris Films. 98
minutos.
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