Filme do Dia: A Morte num Beijo (1955), Robert Aldrich
A Morte num Beijo (Kiss Me Deadly, EUA, 1955). Direção:
Robert Aldrich. Rot. Adaptado: A.I. Bezzerides, baseado no romance de Mickey
Spillane. Fotografia: Ernest Laszlo. Música: Frank De Vol. Montagem: Michael
Luciano. Dir. de arte: William Glasgow. Cenografia:
Howard Bristol. Com: Ralph Meeker, Maxine Cooper, Cloris Leachman, Gaby
Rodgers, Albert Dekker, Paul Stewart, Juano Hernandez, Wesley Addy, Fortunio
Bonanova, Nick Dennis, Percy Helton, Albert Dekker, Keith McConnell.
Mike Hammer (Meeker) se vê envolvido em
uma misteriosa trama, após dar carona a uma garota que foge de um hospício,
Christina (Leachman), que é encontrada morta, numa simulação de acidente de
carro. Mesmo intimado pelo amigo policial Pat (Addy) a falar o que sabe à
Polícia, Hammer pretende investigar – e, se for o caso, faturar – por si
próprio. Juntamente com a companheira da agência de detetives e ocasional
amante Velda (Cooper) envolver-se-á com tipos perigosos, que não param de
assassinar pessoas próximas ao meio de Hammer, como o amigo mecânico Nick
(Dennis) e o recepcionista do clube (McConnel). Dá guarida em sua casa a amiga
de Christina, Lily Carver (Rodgers) e enfrenta os capangas do mafioso Carl
Evello (Stewart) e após invadir a residência de um colecionador de arte
abstrata, encontra a indicação de um médico (Helton), que trabalha no morgue da
cidade e realizou a autópsia de Christina. Recordando que uma das frases que
Christina insistira era de que ele devia lembrar-se e com ajuda dos versos de
uma poeta homônima da falecida, que Christina admirava e a quem em sua
homenagem recebera o nome, Hammer consegue matar a charada, que consiste numa
chave em um clube fechado. Lá, após insistir com o recepcionista encontra um
armário com uma misteriosa substância que lhe queima a pele. Enquanto isso,
Velda se encontra capturada na casa do Dr. Soberin (Dekker), tendo como
parceiro ninguém menos que a pretensa Lily Carver, embora trate-se de uma
impostora, já que Carver foi assassinada há dias. Hammer, mesmo acusado de
irresponsável por Pat consegue descobrir a casa e quando lá chega a falsa
Carver já assassinara Yeager e por abrir a caixa, apesar da advertência para
que não o fizesse. Enquanto a substância toma conta da atmosfera e aos poucos
explode a casa, Hammer consegue se afastar com Velda.
Esse empolgante thriller noir herda muitas das
características de filmes semelhantes da década anterior, como a labiríntica
história, o excessivo número de personagens, a misoginia e a falta de
credibilidade no que as pessoas aparentam ser – Lily Carver não só não é Lily
Carver, como é oposto da indefesa moça que aparenta ser – e a elas adiciona um
tempero que se encontrava condizente com a pauta do dia, a Guerra Fria. Mais
especificamente o material que pode provocar a fissão nuclear. Muito próximo de
Füller em filmes como Anjo do Mal
(1953), Aldrich também cede a tentação de incluir no estilo noir, por excelência atemporal,
inquietações típicas que a sociedade americana vivenciava na época, e também
como Füller, utiliza-se de uma fotografia que ressalta uma limpidez na imagem
pouco comum aos filmes do gênero, dando-lhe um certo status moderno – acentuado por alguns excelentes diálogos, como o
que Christina afirma que não se importa em ter homens mais flácidos, desde que
com o cérebro mais vitaminado. Talvez ainda mais que no filme de Füller seja
presente um certo tom sensacional na narrativa. As diversas sequências de
Hammer em seus carros-esporte tornam o filme um semi-road movie (com destaque
para as bela seqüência inicial). Parklane Pictures/United Artists. 105 minutos.
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