Filme do Dia: Memórias Póstumas (1999), André Klotzel
Memórias Póstumas (Brasil/Portugal, 1999). Direção: André
Klotzel. Rot.Adaptado: André Klotzel,
baseado no romance homônimo de Machado de Assis. Fotografia: Pedro Farkas.
Música: Mário Manga. Montagem: André Klotzel. Dir. de arte: Adrian Cooper. Figurinos:
Marjorie Gueller. Com: Reginaldo Farias, Petronio Gontijo, Viétia Rocha, Sônia
Braga, Otávio Muller, Marcos Caruso, Sthepan Nercessian, Débora Duboc, Walmor
Chagas, Nilda Spencer.
Depois de morto, Brás Cubas (Farias)
relembra os últimos momentos de sua vida retornando a sua infância e
juventude (Gontijo). Sua cara paixão por uma prostituta (Braga), contemporânea
da Independência do país, interrompida pelo pai (Nercessian). Sua viagem à
Corte e sua segunda paixão, por quem termina por se afastar, inconformado por a
moça, apesar de bela, ser coxa. O encontro com o antigo amigo, Quincas Borba,
agora miserável e morando na rua. O amor doentio por Vírgilia, esposa do
bonachão político Lobo. Amor que dura anos, mas não ressiste a mesmice do tempo
e as desconfianças cada vez maiores de Lobo. Os anos de maturidade e a sensação
de tempo perdido. O reencontro com o amigo Quincas Borba, devotado a uma nova
filosofia e outra vez rico. A morte do pai e a prematura morte de sua esposa,
que casara por conveniência, seguida pela de Lobo e de Borba. No leito de
morte, recebe a visita de Vírgilia.
Depois de morto, orgulha-se de não ter legado a desprezível herança de sua
experiência de vida para ninguém, já que não tivera filhos.
Sem qualquer ousadia formal e contando
com o apuro de uma produção requintada, Klotzel conseguiu ser fiel ao espírito
iconoclasta do livro, realizando uma boa comédia. Com algumas adaptações
previsíveis para a linguagem cinematográfica – como o próprio Farias, em
notável desempenho, dirigindo-se
diretamente para a câmera, como eqüivalente da narrativa em primeira pessoa do
texto literário ou ainda seqüências que se repetem, para ilustrar a diferença
entre a cena que o autor imaginara e o que realmente se sucedera – o que mais
se destaca no filme é a própria verve satírica de Machado de Assis. A perda de
ritmo, em alguns momentos da narrativa,
não chega a comprometer essa despretensiosa produção, provavelmente a melhor
adaptação do autor para o cinema. Cinemate Material
Cinematográfico/Cinematográfica Brasileira/IPACA/Lusa Filmes/PIC-TV/Secretaria
de Estado da Cultura/Superfilmes. 102 minutos.
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