Filme do Dia: Laços de Sangue (1951), Ida Lupino
Laços de Sangue (Hard, Fast and
Beautiful, EUA, 1951). Direção: Ida Lupino. Rot Adaptado: Martha Wilkerson,
baseado no romance de John R. Tunis. Fotografia:
Archie Stout. Música: Roy Webb. Montagem: George C. Schrader & William H.
Ziegler. Dir.
de arte: Albert S. D´Agostino & Jack Okey. Cenografia: Harley Miller &
Darrell Silvera. Com: Sally Forrest, Claire
Trevor, Carleton G. Young, Robert Clarke, Kenneth Patterson, Marcella Cisney,
Joseph Kearns, William Hudson, George Fisher.
Quando a jovem
Florence Farley (Forrest) demonstra ser um potencial talento para o tênis sua
mãe, Millie (Trevor) e o ex-campeão Fletcher (Young) percebem que podem
agenciar a carreira dela e gozar dos lucros provenientes da mesma. Aos poucos
Florence se torna distante do noivo Gordon (Clarke) e do pai Will (Patterson),
os únicos que realmente se preocupavam com ela. Quando descobre que se tornara
um joguete da mãe, Florence passa a tratá-la de modo cínico e distanciado,
decidindo abandonar a carreira de tenista após vencer mais um campeonato.
Esse melodrama
decepcionantemente convencional de Lupino, em nada faz lembrar a mesma
realizadora da sutil crônica social de O Bígamo, realizado pouco após. Talvez um dos poucos pontos positivos do
filme seja o modo tenso com que representa as partidas de tênis, longe da
facilidade com que os esportistas campeões ganham habitualmente no cinema. Não
existe meios tons no modo que o “eixo do mal” é aqui contraposto ao do bem. A
Millie de Trevor ensaia um sorriso adocicado evocativo ao de Joan Fontaine, mas
esse não se completa, pois se encontra patente sua falsidade e seu final,
patético e solitário, sem marido, arremedo de amante (pois a sua relação com
Fletcher enfatiza algo que vai além do mero interesse em comum pelos ganhos com
a filha, embora a censura da época via de regra não permitisse evocações
abertas de traição conjugal) ou filha. No final das contas, talvez a questão
que mais se sobressaia para um público contemporâneo é o da difícil conjugação
entre vida privada e pública por parte da mulher e a satisfação apontada pela
dupla masculina do bem significa igualmente a negação desse papel público à
figura feminina, ao associá-lo com a frivolidade vaidosa do mundo da fama e do
dinheiro. Algo igualmente distanciado da postura habitual de Lupino, mais
simpática com uma visão de mulher mais progressista e dinâmica. The Filmakers para RKO Radio Pictures. 78 minutos.
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