O Dicionário Biográfico de Cinema#93: Sophia Loren

 

Sophia Loren (Sofia Scicolone), n. Roma, 1934

Uma das grandes belezas do cinema moderno, bem humorada, simpática, e particularmente uma boa ouvinte, tem sido má utilizada. Muito frequentemente, espíritos elevados e grosseiros foram encorajados ao invés de seu gosto por travessuras. Pode ser dito que sua persistente associação com obviedades - sejam na comédia, no romance, no épico ou na italianidade - por si só demonstraram alguma preferência. Mas Heller in Pink Tights [O Pistoleiro e a Bela Aventureira] (60, George Cukor) capturou uma ternura exuberante e de tirar o fôlego  para o diretor certo. Mesmo That Kind of Woman [Mulher Daquela Espécie] (59, Sidney Lumet) prometia uma mescla de glamour e meditação. Seu casamento com Carlo Ponti somente enfatizou ela flertando como uma estrela "internacional" rumo a se tornar uma mamma italiana. Escultural e floridamente bela, foi estrela de uma era anterior, que necessitava dos serviços de um grande câmera, o amor imperioso de um Sternberg, ou a simpatia calorosa de um Cukor.

Não se questiona sua coragem ou determinação ou a sua perspicácia. Enquanto jovem, superou rumores sobre seu passado - ela conheceu grande pobreza quando jovem. Então, mais tarde, Cary Grant foi por um tempo perdidamente apaixonado por ela (algo sobressai em The Pride and the Passion [Orgulho e Paixão]). Ela então ruminou consigo própria e, ao contrário, casou-se com Carlo Ponti.

Teve pequenas aparições em Quo Vadis? (51, Mervin LeRoy) e Il Sogno di Zorro [O Sonho do Zorro] (51, Mario Soldati) e se tornou uma protagonista em poucos anos: Aida (53, Clemente Fracassi); Tempi Nostri [Nossos Tempos] (53, Alessandro Blasetti); Carosello Napolitano [Carrosel Napolitano] (54, Ettore Giannini); L'oro di Napoli [O Ouro de Nápoles] (54, Vittorio De Sica); Pecchato Che Sia Una Canaglia [Bela e Canalha] (54, Blasetti); La Bella Mugnaia [A Bela Moleira] (55, Mario Camerini); Pane, Amore, e...[Pão, Amor, e...] (55, Dino Risi); e La Fortuna di Essere Donna [A Sorte de ser Mulher (56, Blasetti).

Agora Hollywood a levou, mas numa sequencia de filmes miseráveis: Orgulho e Paixão; Boy on a Dolphin [A Lenda da Estátua Nua] (57, Jean Negulesco); Legend of the Lost [A Lenda dos Desaparecidos] (57, Henry Hathaway); Desire Under the Elms [Desejo] (58, Delbert Mann); Houseboat [Tentação Morena]; Black Orchid [A Orquídea Negra] (58, Martin Ritt); The Key [A Chave] (58, Carol Reed); A Breath of Scandal [O Escândalo da Princesa] (60, Michael Curtiz); It Started in Naples [Começou em Nápoles] (60, Shavelson); e The Millionairess [Com Milhões e Sem Carinho] (60, Anthony Asquith).

Ela estava aparentando estar no seu melhor agora - divertida no último e uma heroína resplandecente em El Cid (61, Anthony Mann). Após um Oscar por um pedaço de presunto extenuante em La Ciociara [Duas Mulheres] (61, De Sica), passou a trabalhar na America e na Europa: Madame Sans-Gêne (61, Christian-Jaque), em um episódio de Boccaccio'70 (62, De Sica); Five Miles to Midnight [Uma Sombra em Nossas Vidas] (62, Anatole Litvak); The Condemned of Altona [Os Condenados de Altona] (62, De Sica); Ieri Oggi Domani [Ontem, Hoje e Amanhã] (64, De Sica); The Fall of the Roman Empire [A Queda do Império Romano] (64, A. Mann); Lady L (64, Peter Ustinov); Operation Crossbow [Operação Crossbow] (64, Michael Anderson); Judith (65, Daniel Mann); Arabesque (66, Stanley Donen); A Countess from Hong Kong [A Condessa de Hong Kong] (67, Charles Chaplin); C'era una Volta [Felizes para Sempre] (67, Francesco Rosi); I Girasoli [Os Girassóis da Rússia] (69, De Sica); La Moglie del Prete [A Mulher do Padre] (70, Risi); La Mortadella [Mortadella] (71, Mario Monicelli); Il Viaggio [A Viagem Proibida] (74, De Sica); Verdict [A Sentença] (74, André Cayette); The Cassandra Crossing [A Travessia de Cassandra] (76, George Pan Cosmatos); Una Giornata Particolare [Um Dia Muito Especial] (77, Ettore Scola); Brass Target [O Alvo de Quatro Estrelas] (78, John Hough); Firepower [Poder de Fogo] (79, Michael Winner); e Fatto di Sangue fra Due Omini per Causa de una Vedova. Si Sospettano Moventi Politici [Amor e Ciúme] (79, Lina Wertmüller).

Para a televisão ela representou a si própria e sua mãe em Sophia Loren: Her Own Story [Sophia Loren, A Vida de uma Estrela] (80, Mel Stuart), e também apareceu em Aurora (84, Maurizio Ponzi); Courage [Amor e Coragem] (86, Jeremy Kagan); The Fortunate Pilgrim (88, Stuart Cooper); e Sabato, Domenica e Lunedi [Sábado, Domingo e Segunda] (90, Wertmüller). 

Hoje, raramente aparece, mas sua beleza é inabalável: Prêt-à-Porter (*) (94, Robert Altman); Grumpier Old Men [Dois Velhos Mais Rabugentos] (95, Howard Deutch); Soleil (97, Roger Hanin); Francesca e Nunziata [A Pequena Órfã] (01, Wertmüller); Between Strangers [Desejo de Liberdade] (02, Edoardo Ponti, seu filho). Em semi -aposentadoria fez Lives of the Saints (04), para a TV italiana (como Santa Teresa), juntamente com Peperoni Ripieni e Pesci in Faccia [A Casa dos Gerânios]. As ironias ou armadilhas nessa frase podem explicar seu navio de guerra estatal em Nine (09, Rob Marshall). Fez um telefilme, La Mia Casa è Piena di Specchi (10, Vittorio Sindoni), no qual interpreta sua própria mãe. 

Texto: Thomson, David. The New Biographical Dictionary of the Cinema. Nova York: Alfred A. Knopf, 2014, pp. 1615-17. 


(*) N. do E: Mantive o título original, que também foi o brasileiro do filme, e não o norte-americano Ready to Wear, utilizado nos EUA, grafado por Thomson. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Filme do Dia: Der Traum des Bildhauers (1907), Johann Schwarzer

Filme do Dia: Quem é a Bruxa? (1949), Friz Freleng

Filme do Dia: El Despojo (1960), Antonio Reynoso