O Dicionário Biográfico de Cinema#91: Antonio Moreno
Antonio Moreno (1886-1967), n. Madri, Espanha
Não muitas carreiras se iniciaram na Biograph em 1912 e findaram com The Searchers [Rastros de Ódio], de John Ford, em 1956. Porém foi durante um período intermediário - os filmes silenciosos dos anos 20 - que Antonio Moreno fez seu nome (e seus melhores filmes). Veio para a América jovem e tentou a sorte no teatro, seu visual marcadamente bonito ajudou-lhe com papéis de coadjuvante em veículos para Maude Adams, Julia Marlowe e a Sra. Leslie Carter, porém foram os filmes mudos que proporcionaram o santuário para atraentes europeus com acentuado sotaque. Trabalhou duro na Biograph, aparecendo em pontas em The Musketeers of Pig Alley (1912) e Judith of Bethulia [Judith de Betúlia] (1914), passando então para os seriados, antes de assinar um contrato com a Paramount, em 1923.
Na época foi o ator principal, aparecendo em quatro ou cinco filmes ao ano, seja em oposição à estrela principal (Swanson em My American Wife, de 1923 e Negri no mesmo ano em The Spanish Dancer/A Dançarina Americana) ou como estrela ele próprio (The Trial of the Lonesome Pine, também de 1923 e no ano seguinte em coisas como Tiger Love). Por essa época, foi um Amante Latino oficial, atrás apenas de Valentino e Novarro. Mil novecentos e vinte e seis foi seu ano miraculoso, incluindo seu melhor papel, o Capitão no soberbo Mare Nostrum, de Rex Ingram, revelando uma gravidade profunda que não havia se manifestado por si só em Tiger Love. Também houve Beverly of Graustark [Eva no Trono], contracenando com Marion Davies e The Temptress [Terra de Todos], com Garbo.
E 1927 não ficou atrás, dado It [O não Sei que das Mulheres], no qual é herdeiro de uma loja de departamentos que se apaixona por Clara Bow (e quem não se apaixonaria?). Elinor Glyn, a inventora do "It", proclamou que os únicos que o possuíam em Hollywood eram Bow, Moreno, o porteiro do Hotel Ambassador e Rex, o garanhão selvagem. (Clara supostamente comentou, "fiquei terrivelmente confusa com o cavalo, mas se ela pensa que ele possui "it", então imaginei que devia ser um senhor animal.") Somente os cínicos salientariam que ela tinha anteriormente atribuído a medalha "It" a Wallace Reid, John Gilbert e Valentino. Em 1927, Moreno também fez Venus of Venice [Vênus de Veneza], com Constance Talmadge e, na Inglaterra, Madame Pompadour, com Dorothy Gish. Então veio o som, e ele voltou ao início: relegado a papéis étnicos por conta de seu sotaque. Mas ele se manteve firme por quase trinta anos, em papéis secundários em filmes menores (The Spanish Main/O Pirata dos Sete Mares, Mark of the Renegade/Marca do Renegado, Creature from the Black Lagoon/O Monstro da Lagoa Negra) e maiores: não apenas Rastros de Ódio, mas Captain from Castille/Capitão de Castela.
Houve momentos sombrios em sua própria vida - era amigo próximo do misteriosamente assassinado William Desmond Taylor, com quem passou boa parte do tempo na semana da morte de Taylor. E sua esposa, a herdeira do petróleo Daisy Canfield Danzinger, atravessou com um carro um penhasco de Mullholand Drive, desencadeando todo o tipo de rumores sobre a possível cumplicidade de Moreno na sua morte, assim como a respeito de sua sexualidade. Nesse quesito, Michael Powell, que estava no set durante a filmagem de Mare Nostrum, observa em sua autobiografia que "nenhuma centelha de fogo sexual envolveu o honesto Tony e a escultural Alice [Terry]. São 'apenas bons amigos?'" Nunca saberemos. Uma reinvindicação final à fama: aparentemente Mauritz Stiller foi demitido de Terra de Todos porque obrigou que Moreno tirasse seu bigode, pretendendo fazê-lo parecer com um garçom italiano. O amante latino não gostou.
Texto: Thomson, David. The New Biographical Dictionary of Cinema. Nova York: Alfred A. Knopf, pp. 1856-7.
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