The Film Handbook#214: Sidney Lumet

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Sidney Lumet
Nascimento: 25/06/1924, Filadélfia, Pensilvânia, EUA
Morte: 09/04/2011, Manhattan, Nova York, Nova York, EUA
Carreira (como diretor): 1957-2007

Um diretor prolífico de material variado e irregular, Sidney Lumet apresenta muito frequentemente a enorme teatralidade e seriedade imatura de suas origens no drama televisivo.  Mas ocasionalmente, especialmente quando lida com o objeto do crime urbano, tem criado um universo deprimente, corrupto e aparentemente caótico, notável por seus personagens convincentes e os detalhes de suas observações.

Ator desde criança, aos quatro anos, Lumet gradualmente se voltou para a direção, fazendo seu nome na televisão durante os anos 50. Sua estreia no cinema, 12 Homens e uma Sentença/12 Angry Men>1 (de uma peça de Reginald Rose), foi um algo controverso, mas notavelmente bem atuado, drama de ambiente único, com o liberal arquetípico Henry Fonda lenta, mas seguramente, persuadindo seus colegas de júri a se pronunciarem pela inocência de um rapaz acusado de assassinato; embora as personagens sejam pintadas em cores vívidas, é a evocação claustrofóbica de Lumet em uma noite de verão calorenta na abafada sala de júri que empresta ao filme sua implacável tensão. Para a próxima década, ele continuou a focar principalmente em temas igualmente teatrais ou respeitáveis, filmando Williams (Vidas em Fuga/The Fugitive Kind), Miller (O Panorama Visto da Ponte/Vu du Pont), O'Neill (Longa Jornada Noite Adentro/Long Day's Journey Into Night) e Tchecov (A Gaivota/The Sea Gull), e tratando o apocalipse nuclear (Limite de Segurança/Fail-Safe), o legado do Holocausto nazista (O Homem do Prego/The Pawnbroker), e espionagem moderna (Chamada para um Morto/The Deadly Affair). Grotesca Despedida/Bye Bye Braverman, no qual quatro amigos se embebedam, buscando o funeral de um outro, foi uma rara e frequentemente engenhosa incursão na comédia, mas os elementos mais fortes de sua direção impassível em sua carreira inicial foram sua excelência com os atores e sua fidelidade à obra adaptada.

Nos anos 70 intercalaria projetos mal concebidos como Assassinato no Expresso do Oriente/Murder on the Orient Express, uma sátira demasiado enfática sobre a TV, Rede de Intrigas/Network, e uma versão absurdamente realista do Equus, de Peter Shaffer, além do musical negro O Mágico Inesquecível/The Wiz, com uma série de crescentemente ambiciosas narrativas criminais e filmes policiais. Até os Deuses Erram/The Offence, no qual um detetive agride até a morte um homem suspeito de ter molestado uma criança, e Serpico, sobre um policial honesto que expõe a corrupção, foram intensamente sentidos mas superficialmente simplistas retratos da obsessão que leva homens bons a um universo de violência inesperada; Um Dia de Cão/Dog Day Afternoon>2, um tragicômica e parcamente estruturada história de um desastroso assalto a banco, realizado por um marido bissexual para financiar a operação de mudança de sexo de seu amante gay, beneficiou-se das soberbas interpretações e um forte sentimento dos absurdos da vida urbana e da cobertura midiática, e um senso de boas intenções arruinadas pela inocência. Mais impressionante, no entanto, foi O Príncipe da Cidade/Prince of the City>3 uma mescla longa e complexa de tensa ação e especulação legal que retrabalhava o tema da corrupção policial de Serpico, com efeito infinitamente mais sofisticado. Aqui, uma narrativa expansiva, impressionística e fragmentada lentamente se fecha como uma teia de aranha ao redor de seu herói, que é tanto honesto quanto  persistente, sendo um exemplo para a força policial, mas um Judas para os amigos.

Em anos recentes, Lumet tem continuado a tratar de temas sérios (o direito e a negligência médica em O Veredito/The Verdict, protesto político e pena de morte em Daniel, marketing eleitoral manipulativo em Os Donos do Poder/Power, encarceramento adolescente e desilusão em O Peso de um Passado/Running on Empty) com sucesso variado, enquanto A Manhã Seguinte/The Morning After foi um maravilhosamente interpretado, ainda que estranhamente destituído de suspense, thriller psicológico. Lumet justifica atenção, de fato, por sua habilidade com os atores. Porém, a absoluta inconsistência de sua obra e a curiosa ausência de comprometimento para com muito de seu material, sugere que ele é incomumente dependente de roteiros fortes e um elenco carismático para conquistar o seu melhor.

Cronologia
O estilo de Lumet, derivado de seus anos na televisão, e sua sensibilidade liberal, provoca comparações com figuras como Frankenheimer, Robert Mulligan, Martin Ritt, Franklin Schaffner, Norman Jewinson e Sydney Pollack; infelizmente, é destituído da peculiar inteligência de Penn

Destaques
1. Doze Homens e uma Sentença, EUA, 1957 c/Henry Fonda, Lee J. Cobb, Ed Begley, Jack Warden

2. Um Dia de Cão, EUA, 1975 c/Al Pacino, John Cazale, Charles Durning

3. O Príncipe da Cidade, EUA, 1981 c/Treat Williams, Jerry Orbach, Richard Foronjy

Texto: Andrew, Geoff. "The Film Handbook". Londres, Longman, 1989, pp. 178-9.

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