Filme do Dia: Jornada de James para Jerusalém (2003), Ra'anan Lexandrowicz
Jornada de James para Jerusalém (Massa´ot James Be´eretz Hakodesh,
Israel, 2003). Direção: Ra´anan Alexandrowicz. Rot. Original: Ra´anan
Alexandrowicz & Sami Duenias. Fotografia: Sharon De Mayo. Música: Ehud
Banai, Noam Halevi & Gil Smetana. Montagem: Ron Goldman. Dir. de arte: Amir
Pick. Cenografia: Uri Aminov & Yossi Elbaz. Figurinos: Maya Barsky. Com:
Syiabonga Melongisi Shibe, Arieh Elias, Salim Dau, Sandra Schonwald, Hugh
Masebenza, Florence Bloch, Ya´akov Ronen Morad, Yael Lavental.
James (Shibe) é um refugiado africano
que sonha em conhecer Jerusalém, para saciar o desejo de toda sua vila.
Ingênuo, acredita que os valores que vigoram em Israel são os mesmos da Bíblia.
Logo se verá preso e vítima da máfia de trabalhadores estrangeiros comandada
por Shimi Shabati (Dau). Trabalhando efusivamente, torna-se protegido do pai de
Shimi, Sallah (Elias), que afirma que ele jamais conseguirá dinheiro na vida
trabalhando. James passa então a ser o chefe de uma empresa duas vezes
clandestina. Mesmo conseguindo uma rápida ascensão econômica, decide romper com
o sistema do qual se vê prisioneiro.
Apresenta uma desconstrução do mito
nacional israelense com uma crueza ainda maior que outras produções israelenses
contemporâneas como Jardim, mais
focado nos dramas individuais, apresentando uma Israel onde o que impera é o
consumo e o dinheiro. Tal visão crítica parece ser endereçada sobretudo às
gerações mais novas, já que o velho Sallah ainda surge como uma ilha de
resistência e, por isso mesmo, sendo a única personagem de quem James se
aproxima de maneira autenticamente afetiva, embora acabe cedendo as pressões do
filho e vendendo o terreno onde fincará pé a sua humilde moradia. De qualquer
forma, a visão ácida que o filme transmite perde a chance de provocar um
impacto mais duradouro e efetivo ao optar pela catarse final, em que o herói
vai procurar resgatar o quanto perdera de si próprio na trilha que vai da fé
ingênua à crença quase inabalável no poder do dinheiro, elemento tipicamente
melodramático, ainda que a forma narrativa e as interpretações dos atores esteja
bem distante do melodrama e mais próxima do realismo social. Essa mescla
entre elementos de melodrama e realismo social pode sugerir uma aproximação com
os dramas politicamente engajados de Ken Loach, com duas importantes diferenças
ao menos. Primeira, o cineasta inglês trabalha mais abertamente com o viés
melodramático. Segunda, e mais importante, é que sua experiência e talento
conseguem produzir algumas obras-primas, o que obviamente não é o caso dessa
produção. Da mesma forma, a pureza do africano vindo de uma comunidade ainda
não contaminada pelos valores do dinheiro contraposta ao degradado mundo onde
impera o vil metal, em Israel, soa demasiado esquemática. Lama Productions Lmtd. 90 minutos.
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