O Dicionário Biográfico de Cinema#94: Abraham Polonsky

 


Abraham Polonsky (1910-1999), n. N. York

1948: Force of Evil [A Força do Mal]. 1969: Tell Them Willie Boy is Here [Willie Boy]. 1971: Romance of a Horse Thief [Romance de um Ladrão de Cavalo].

Vinte e um anos entre o primeiro e segundo filmes é mais tempo que qualquer diretor poderia esperar. O caso de Polonsky é uma das ressacas mais sombrias do período Mccarthista. Muito após Carl Foreman e Losey terem sido rehabilitados, Polonsky permaneceu na geladeira, trabalhando sobre nomes presumíveis, sendo que sua verdadeira lista de roteiros é incerta. Ele foi provavelmente a personalidade mais criativa na Enterprise Films. Escreveu Body and Soul [Corpo e Alma] (47, Robert Rossen), e pode ter tido muita influência nele como diretor. No ano seguinte realizou A Força do Mal para a MGM, um suspense B, estrelado por John Garfield, que emprega versos em branco e diálogos sem preciosidade, e eleva o suspense urbano a uma magnífica alegoria da ambição corrupta. Roteirizou Golden Earrings [Cigana Feiticeira] (47, Mitchell Leisen) e I Can Get It for You Wholesale [Ambição de Mulher] (51, Michael Gordon), e então entrou para a lista negra. 

Seu crédito seguinte, sobre seu próprio nome, foi como roteirista em Madigan [Os Impiedosos] (68, Don Siegel). No mesmo ano dirigiu Willie Boy, a história de um índio velhaco, procurado por uma sociedade insensível, algo muito dolorosamente aplicável à própria história de Polonsky, e tão visualmente embolorado quanto se poderia esperar de alguém por tanto tempo inativo. O terceiro filme de Polonsky é uma história ambientada na fronteira da Polônia no ano de 1904, e volta às raízes étnicas do diretor. 

Ele disse que isso foi parte de sua vida - tanto como refugiado europeu, quanto jovem imigrante devorador de ficção em Nova York: "Por essa estranha via, Romance de um Ladrão de Cavalo está intimamente ligado aos filmes da minha infância, muito antes de sequer ouvir sobre as belas artes. Para mim, os filmes possuem suas raízes rica e irrevogavelmente fincadas no kitsch, na infância, nas narrativas, no lixo dos sacos de papel e sentados debaixos das luzes das ruas, enquanto do lado de fora do zôo, floresciam muitas bardanas, os leões rugiam suas fantasias de liberdade...foi um grande prazer realizar um filme outra vez. Nada é melhor; talvez a revolução, mas aí você deve ser bem sucedido e estar correto, perigos que nunca estão vinculados, em si mesmos, a se realizar filmes, sonhar."

Muitos dos fatos simples de sua vida são obscuros. Mas parece que, dentre outras ocupações, foi professor no City College, em Nova York, nos anos 30, soldado, escreveu para o rádio, e foi autor de ao menos três romances - The Discovers, The World Above e The Season of Fear. Há grandes tragédias no mundo, mas se você ainda se sentir confortável, procure Força do Mal e se lembre de como seu diretor foi completamente proibido de fazer filmes. 

Mais recentemente, escreveu um roteiro para Avalanche Express [Pânico no Atlântico Express] (78, Mark Robson). Também escreveu os primeiros esboços do roteiro do que se tornaria Guilty by Suspicion [Culpado por Suspeita] (91, Irwin Winkler) - projeto que possuía Bertrand Tavenier como seu diretor, quando Polonsky esteve envolvido. 

Texto: Thomson, David. The New Biographical Dictionary of Cinema. Nova York: Alfred A. Knopf, 2014, pp. 2094-5. 

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