Filme do Dia: Azul e Não Tão Rosa (2012), Miguel Ferrari

 


Azul e Não Tão Rosa (Azul y No tan Rosa, Venezuela/Espanha, 2012). Direção e Rot. Original: Miguel Ferrari. Fotografia: Alexandra Henao. Música: Sergio de la Puente. Montagem: Miguel Angel Garcia. Dir. de arte: Marcelo Pont Vergés. Figurinos: Patricia Busquets. Com: Guillermo García, Ignacio Montes, Hilda Abrahamz, Carolina Torres, Alexander Da Silva, Sócrates Serrano, Elba Escobar, Beatriz Valdés, Arlette Torres.

Diego (García) é um fotógrafo de moda que vive uma relação intensamente afetiva com o médico Fabrizio (Serrano) e que pretende oficializar a relação, porém tem seu sonho interrompido com um covarde ataque desferido contra esse por uma gangue homofóbica. Diego recebe uma ligação de Valentina (Torres), dizendo que o filho de ambos, Armando (Montes) chegará no dia seguinte a Caracas para se hospedar com ele. Pressionado, Diego vivencia a situação grave de Fabrizio e,ao mesmo tempo, a hostilidade do filho adolescente por ele nunca lhe ter dado atenção. Aos poucos, Armando se torna mais próximo do pai e de suas amigas, Perla Mariña (Torres) e Delirio Del Río (Abrahamz). Elas lhe ensinam tango para se encontrar com uma garota, Laura, embora tenha postado uma foto diferente, de um modelo que posara para Garcia. Enquanto revela fotos com o filho, Diego recebe a notícia do falecimento de Fabrizio. Ele corre desesperado em meio a chuva. O filho o segue. Quando fica sabendo que o filho não pretende ir ao encontro da garota que se comunica todos os dias em Mérida, partem ele, o filho, Perla Mariña e Delirio Del Río. Na viagem, Mariña confessa que está grávida e que não pretende ter a criança, pois se trata do homem que a agride com frequência, Del Río por sua vez encontra o grande amor de sua vida: porém se na juventude ele não a quis por não ser mulher, agora se encontra interessado em rapazes. Armando consegue se aproximar da garota que, no entanto, não quer mais falar com ele após ficar consciente do ocorrido. Armando se despede de todos e retorna à Espanha. Delirio del Río passa a apresentar um programa de TV que era comandado por uma apresentadora conservadora. Perla Mariña tem seu filho e decide dar-lhe o nome de Fabrizio. Diego consegue encontrar uma testemunha que gravou todo o espancamento de Fabrizio e seus culpados são punidos. Ele, por sua vez, retoma sua vida amorosa com um novo parceiro.

Com boas interpretações e ritmo, o filme é esquematicamente orientado para que funcione como libelo anti-homofóbico, o que acaba provocando que tudo o mais se torne subserviente a tal intuito. Para tanto não se escusa em apelar para situações limítrofes com o intuito de angariar identificação com o seu protagonista no âmbito interno (o filho) e externo (o espectador) da narrativa, como é o caso da morte de Fabrizio, estratégia não muito diversa dos tempos em que a vilania era muitas vezes identificada com a homossexualidade e também destinava esse final a seus personagens (como, aliás, atesta o documentário O Celulóide Secreto, com relação ao cinema clássico anglo-saxão). Sua orientação melodramática não proporciona que se vá além da superfície nas situações e personagens, criando a habitual “brigada do bem” de personagens de bons sentimentos, melhor representada que nunca aqui no momento em que os personagens, ao chegarem a Mérida, sentam-se diante de um céu estrelado, comum em filmes de tendência liberal-progressista (Bagdad Café, As Aventuras de Priscilla, a Rainha do Deserto, Delicada Atração, dentre muitos). Embora apresente alguns personagens e situações ainda mais esquemáticas, o peruano Não Diga a Ninguém (1998), consegue driblar a camisa de força do politicamente correto e se tornar mais vibrante, menos emocionalmente manipulativo e, no todo, de longe menos esquemático. Plenilunio Film & Arts/Factor RH Producciones. 114 minutos.

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