Filme do Dia: The Spoilers (1914), Colin Campbell
The Spoilers (EUA, 1914). Direção:
Colin Campbell. Rot. Adaptado: Lanier Bartlett, a partir da peça de Rex Beach.
Fotografia: Harry W. Gerstad & Alvin Wyckoff. Dir. de arte: Edward M.
Langley. Com: William Farnum, Kathlyn Williams, Tom Santschi, Bessie Eyton,
Frank Clark, Jack McDonald, Wheeler Oakman, Norval MacGregor, William Ryno.
Glenister (Farnum) é um minerador que
vê seu trabalho prejudicado com a chegada do escroque McNamara (Santschi), que
com apoio do corrupto juiz Stillman (MacGregor), consegue se apossar da mina,
fazendo com que os antigos mineradores trabalhem para ele. Glenister,
juntamente com dois outros homens, assaltam a própria mina, disfarçados como
“negros”. Cherry (Williams), apaixonada por Glenister, o acoberta. Glenister,
no entanto, nutre uma paixão por Helen (Eyton).
Esse faroeste ambientado em Dawson,
Alaska, na época da Corrida do Ouro, tema aliás paradoxalmente pouco explorado
pelo gênero ainda então nascente, sofre sobretudo com suas pretensões de contar
em formato longo uma narrativa demasiado rocambolesca nas mudanças de atitudes
de seus personagens, além da quantidade relativamente exorbitante desses em
destaque, para se tornar mais compreensível, algo que nem o próprio Griffithestava isento no momento. Qualquer sinopse mais detalhada de seu enredo,
portanto, não será mais que uma amostra mínima do mesmo. Não falta a luta final
entre o “mocinho”, que curiosamente se traveste de bandido (e negro, num
momento em que os próprios atores brancos se travestiam igualmente para
representar negros no cinema, como é o caso do contemporâneo O Nascimento de uma Nação, de Griffith)
para tentar recuperar o que era de sua propriedade e o vilão, ou ainda a figura
de Helen, sobre qual paira sombras sobre sua idoneidade até quase o final. A
literal e esgarniçada luta por riqueza entre os personagens, incluindo uma
justiça corrupta, anteciparia mais sofisticadas incursões no tema pela produção
noir posterior. O romance de Beach renderia outras quatro adaptações
para o cinema, em 1923, 1930, 1943 (com John Wayne como mocinho, Randolph Scott
como vilão e Dietrich como Cherry) e 1955. Não se encontra tão distante assim,
guardadas as devidas proporções, dos filmes curtos de poucos antes que
adaptavam clássicos literários para o cinema de forma tão ou mais obscura que
aqui. Destaque para as toscas encenações de brigas que, no entanto, tornaram-se
célebres à época, servindo os atores como consultores para uma das adaptações
seguintes, assim como para a habitual gestualidade melodramática identificada
com sua ascendência moral, como no gesto em que Cherry desqualifica Helen,
apontando-lhe a saída. Mesmo com todos os seus problemas, foi considerada a
tentativa mais madura no formato longa-metragem do estúdio. Selig Polyscope
para The Film Market. 110 minutos.
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