Filme do Dia: A Lenda da Estátua Nua (1957), Jean Negulesco

 


A Lenda da Estátua Nua (Boy on a Dolphin, EUA, 1957). Direção: Jean Negulesco. Rot. Adaptado: Ivan Moffat & Dwight Taylor, baseado no romance de David Divine. Fotografia: Milton R. Krasner. Música: Hugo Friedhofer. Montagem: William Mace. Dir. de arte: Fivos Anoyakis, Jack Martin Smith & Lyle R. Wheeler. Cenografia: Bruno Avesani & Ugo Pericoli. Figurinos: Anna Gobbi & Franco Salvi. Com: Sophia Loren, Alan Ladd, Clifton Webb, Alex Minotis, Jorge Mistral, Laurence Naismith, Piero Giagnoni, Gertrude Flynn.

Pescando esponjas no mar grego, a simplória Phaedra (Loren) acaba descobrindo uma relíquia arqueológica de valor inestimável. A partir daí, sua vida se transforma. Parte para Atenas, onde busca auxílio do internacionalmente reconhecido Dr. James Calder (Ladd). Porém, é manipulada pelo maior contrabandista de relíquias gregas, Victor Parmalee (Webb), a colaborar com ele e se tornar uma mulher rica, proporcionando igualmente uma educação de valor para  o irmão mais novo Niko (Giagnoni). Calder, no entanto, insiste em buscar a relíquia a qualquer preço e desvenda não só toda a trama gestada por Parmalee, como tenta flagrar ele no momento em que estava capturando a relíquia para seu barco. Seus planos, no entanto, são frustrados quando descobre que as cordas foram rompidas e não há, portanto, provas contra Parmalee. Quando todos retornam desencantados, uma festa anuncia a chegada do barco com a relíquia, tendo a frente Niko, que cortara as cordas. Calder e Phaedra finalmente resolvem a situação de impasse afetivo que estava sendo gerada a partir da última se encontrar dividida entre os sentimentos e a necessidade de ganhar a vida.

Típica incursão do cinema americano na Europa da década de 1950, o filme possui as características habituais da produção do gênero como o alto teor escapista, a obviedade das situações, o sentimentalismo e um romantismo inverossímil, além de belas locações fotográficas e tela larga. Pior que tudo isso é a visão paternalista e de um folclorismo rasteiro que dão o sabor de exótico com que as culturas européias são retratadas. Paternalismo que se reflete diretamente na caracterização da relação entre Calder e Phaedra ou Calder e Niko. Talvez, mais interessante seja o escracho explícito do personagem vivido por Webb, um cínico incorrigível, perverso e sofisticado, que ele repetiu inúmeras vezes e que só teve paralelo no mais sutil contemporâneo George Sanders. Inclusive em A Fonte dos Desejos (1954), dirigido igualmente por Negulesco, um especialista nesse tipo de filme, possuindo os  mesmos elementos básicos explorados aqui. La Loren, no auge de seu “prestígio” como símbolo sexual, possui uma famosa cena inicial em que aparece subindo ao barco completamente molhada, que causou furor à época, embora suas pernas sejam mais bem exploradas em uma cena posterior. 20th Century-Fox. 111 minutos.

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