O Dicionário Biográfico de Cinema#85: Robert Siodmak
1929: Menschen am Sonntag [Gente no Domingo] (co-dirigido com Edgar G. Ulmer). 1930: Abschied. 1931: Der Mann, der Seinen Morder Sucht; Voruntersuchung. 1932: Sturme der Leidenschaft [Tempestade de Paixões]; Le Sexe Faible; Quick. 1933: Brennendes Geheimnis. 1934: La Crise est Finie. 1935: La Vie Parisienne; Mister Flow. 1937: Cargaisons Blanches (*). 1938: Mollenard; Ultimatum (co-dirigido com Robert Wiene). 1939: Pièges [Ciladas]. 1941: West Point Widow [O Segredo da Enfermeira]. 1942: Fly-by-Night [O Segredo do Professor]; My Heart Belongs to Daddy [Meu Filho Não Se Vende]; The Night Before the Divorce. 1943: Someone to Remember; Son of Dracula [O Filho de Drácula]. 1944: Phantom Lady [A Dama Fantasma]; Cobra Woman [Mulher Satânica]; Christmas Holiday [Férias de Natal]. 1945: The Suspect [Dúvida]; The Strange Affair of Uncle Harry [Caprichos do Destino]; The Spiral Staircase [Silêncio nas Trevas]. 1946: The Killers [Os Assassinos]; The Dark Mirror [Espelho d'Alma]. 1947: Time Out of Mind [Brumas do Passado]. 1948: Cry of the City [Uma Vida Marcada]; Crisscross [Baixeza]. 1949: The Great Sinner [O Grande Pecador]; The File on Thelma Jordan [A Confissão de Thelma]. 1950: Deported [Deportado]. 1951: The Whistle at Eaton Falls [O Direito de Viver]. 1952: The Crimson Pirate [O Pirata Sangrento]. 1953: Le Grand Jeu [A Grande Paixão]. 1955: Die Ratten [Quando o Amor é Pecado]. 1956: Mein Vater, der Schauspieler. 1957: Nachts, Wenn der Teufel Kam [O Diabo Ataca à Noite]. 1959: Dorothea Angermann; The Rough and the Smooth [Retrato de uma Pecadora]; Bitter Sweet (**). 1960: Der Schulfreund (***). 1961: L'Affaire Nina [O Advogado do Diabo]. 1962: Escape from East Berlin. 1964: Der Schut, Der Schatz der Azteken [Treasure of the Azteken]. 1965: Die Pyramide der Sonnengottes [Pyramid of the Sun God]. 1968: Custer of the West [Os Bravos Não se Rendem] (co-dirigido com Irving Lerner); 1969: Der Kampf um Rom.
Quando tinha somente um ano, os pais de Siodmak se mudaram para Leipzig. Quando jovem trabalhou como diretor de teatro, e nos anos 20 perdeu uma fortuna em negócios bancários. Em 1925, era assistente de Kurt Bernhardt como montador e roteirista e, em 1929, com Edgar Ulmer, Billy WIlder, Fred Zinnemann e Eugene Schuftan, realizou Gente no Domingo, retrato casual e livre de jovens mais franceses em espírito que alemães e, talvez, mais antenado com a obra posterior de Ulmer que Siodmak. Não obstante, Abschied e Voruntersuchung demonstraram uma habilidade especial com o som e uma sensibilidade que fê-lo incomum no cinema alemão. Com o Nazismo, deixou a Alemanha por Paris, e não se estabeleceu verdadeiramente até chegar em Hollywood, em 1940.
Como muitos alemães, Siodmak floresceu na América, rapidamente aprendendo a mesclar o melodrama do cinema alemão, seu expressionismo visual e as facilidades técnicas dos grandes estúdios. Nunca foi mais que um diretor de encomendas, mas também nunca perdeu um mordaz senso de humor, economia narrativa, um deleite por atores e atrizes, particular cuidado com os interiores e uma prontidão a extrair o melhor do sistema. Seus filmes americanos são feitos com a consciência própria dos limites e potencial de cada projeto. Portanto, O Grande Pecador é considerado um vibrato bobo, quando muitos homens poderiam ter trabalhado desesperadamente na esteira do verdadeiro Dostoievski; O Filho de Drácula é todo no espírito lúgubre como quando um caixão chega em uma estação ferroviária deserta carregando a inscrição ALUCARD; A Dama Fantasma é um excelente suspense, utilizando muito bem Franchot Tone e Ella Raines. Mulher Satânica é Maria Montez (como gêmeas) em pleno idiótico esplendor - há certo ponto uma boa senhora descreve o subenredo como "o sonho selvagem de uma mente fraca."; Silêncio nas Trevas é verdadeiramente assustador e extrai cada grama de tensão de Dorothy McGuire como surda-muda; Caprichos do Destino é um dos poucos filmes a abandonar George Sanders enquanto canalha, e descobrir o homem manso e insultado, intimidado pelas irmãs; Dúvida é avivado pela presença de Charles Laughton e pelo incomum conexão que Siodmak obtém com ele. Os Assassinos é um suspense que explora um visual realista do pós-guerra mais criativamente que o comum e que possui uma espontaneidade tosca no roubo real; A Confissão de Thelma sabe o que uma amante do meio Barbara Stanwyck é; e O Pirata Sangrento é barulho para garotos, tão brilhante e veloz quanto os biscoitos de natal. Uma vez mais, material enfadonho se prova mais divertido do que se poderia suspeitar.
O retorno de Siodmak à Alemanha foi acompanhado por um afrouxamento geral, e Retrato de uma Pecadora, realizado na Inglaterra, e Os Bravos Não se Rendem (embora banal) são de longe melhores que os filmes alemães.
Isso foi o que escrevi sobre Siodmak em 1975. Tudo o que gostaria de acrescentar não é o suficiente. Siodmak foi mais que um artista de entretenimentos. Olhando mais de perto para Baixeza é que abri meus olhos. Sim, é um suspense noir, aparentemente, com um roteiro inteligentemente construído por Daniel Fuchs. Porém o herói condenado de Burt Lancaster em Baixeza - um doce e forte otário, um personagem bastante sutil - ajuda a explicar o fatalismo de Os Assassinos. E há vínculos para a ironia e o humor em Dúvida e Caprichos do Destino, raras análises da pura decência dirigida para quebrar a lei. Siodmak não possuía apenas um bom olho, mas um modo de observar a vida. Foi um artista, e merece retrospectivas mais completas.
Texto: Thomson, David. The New Biographical Dictionary of Film. Nova York: Alfred A. Knopf, 2014, pp. 2469-71.
(*) N. do E: No IMDB o título se encontra no singular.
(**) N. do E: No IMDB inexiste esse título.
(***) N. do E: No IMDB Mein Schulfreund.
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