Filme do Dia: O Filho de Drácula (1943), Robert Siodmak
O Filho de Drácula (Son of Dracula, 1943, EUA). Direção:
Robert Siodmak. Rot. Original: Eric Taylor, a partir do argumento de Robert
Siodmak. Fotografia: George Robinson. Música: Hans J. Salter. Montagem: Saul A.
Goodkind. Dir. de arte: John B. Goodman & Martin Obzina.
Cenografia: Russell A. Gausman & Edward R. Robinson. Figurinos: Vera West.
Com: Robert Paige, Louise Albritton, Evelyn Ankers, Frank Craven, J. Edward Bromberg,
Lon Chaney Jr., Samuel S. Hinds, Adeline De Watt Reynolds.
Conde Alucard (Chaney Jr.) vem de
Budapeste para os pântanos do sul dos Estados Unidos encontrar o seu objeto de
amor, Katherine Caldwell (Allbriton). Essa se mantém firme a sua paixão e se
casa com o conde. Logo após a misteriosa morte do pai de Katherine, Dr.
Brewster (Caven), um amigo da família, descobre que Alucard é Drácula ao
contrário. Brewster se junta ao Dr. Lazlo (Hinds), especialista em ciências
ocultas, para combater o vampiro. Frank Stanley (Paige), o então noivo de
Katherine, a visita após casada e atira contra Dracula. Porém os tiros
atravessam seu corpo e matam sua amada. Em estado de choque, Frank conta tudo o
que testemunhara a Brewster, que visita a casa do casal, e observa Katherine
viva e na cama. As evidências somente apontam em contrário quando, em nova
incursão, eles a descobrem dentro de um caixão.
Essa produção irregular, mesmo
apresentando a mesma logomarca que acompanhara as produções da década anterior
do estúdio, consegue se manter bastante distante, para sua sorte, da maior
parte de seus subprodutos. Siodmak possui um pendor para a visualidade e as
nuances na fotografia que praticamente inexistem na produção de terror dos
estúdios que se segue aos clássicos como Drácula
(1931), de Browning. Nada mais distante do estilo visual das produções da
década anterior que a presença de fluentes movimentos de câmera ao invés da
decupagem de planos curtos daquela. E, nada mais distante daquela que a
inserção do conto de horror na realidade contemporânea, transformando-o
igualmente, em muitos aspectos, numa narrativa mais próxima do noir
que do horror – algo que também se encontra presente, porém sem abrir mão de um
tom mais sombrio e próximo do gênero nas produções melhor inspiradas de Val
Lewton para a RKO contemporâneas. Os efeitos especiais como o da transformação
do morcego em sua representação humana não fazem feio e cenas como a do conde
deslizando em meio ao pântano para encontrar sua amada, ou essa se fingindo de
uma simples mortal, mas carregada por uma palidez facial fúnebre (provocada
menos pela maquiagem que pela iluminação) são alguns pontos altos. O filme, no
entanto, escorrega no excesso de diálogos desnecessários quando bem poderia ter
deixado mais a cargo dos talentos visuais seu norte. Chaney Jr. atualiza a
verve sexualizada do vampiro e uma cena digna de nota é a que o noivo observa
sua amada escapar no carro com o vampiro, numa identificação com a
promiscuidade para por de cabelo em pé o público masculino da época – como
resistir ao fascínio do misterioso e charmoso estrangeiro e trocá-lo pelo sem
sal e banal noivo? As chamas que encerram qualquer possibilidade de
felicidade para o casal de amantes ao
final, decorrentes da cremação do corpo de Katherine, tampouco seriam
aceitáveis nas produções da década anterior, sendo que o filme parece marcar um
meio termo entre aquelas e as produções da Hammer do final da década seguinte. Universal
Pictures. 80 minutos.
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