Filme do Dia: Jane (1962), D.A. Pennebaker

 


Jane (Jane, EUA, 1962). Direção: D.A. Pennebaker. Fotografia: D.A. Pennebaker,  Richard Leacock, Gregory Shuker & Abbott Mills. Montagem: Nell Cox, Nancy Sen & Eileen Nosworthy.

Nos bastidores para uma peça a ser estrelada por Jane Fonda, Pennebaker constrói mais um de seus filmes, em que menos interessa o glamour  do show-bizz, universo recorrentemente habitual em sua filmografia em delineamento então, que a tensão do processo, deixando a descoberto a face humana dos mitos. Aqui, o oponente aos retratados, a companhia teatral, e particularmente a sensível e insegura atriz em início de carreira é o ácido e criterioso crítico do Herald Tribune. Embora a proposta inicial do filme, ao menos enquanto esboçada por um narrador off seja a de uma contraposição equivalente entre Fonda e o crítico, algo semelhante aos bastidores das campanhas de Humphrey e Kennedy em Primárias, pouco se entrevê do mesmo e não se chega a filmar sua reação imediata à peça, com exceção de um solitário e breve plano, como prometido, que sinalizaria para a usual obsessão do cineasta em articular a reação a um determinado evento recorrente em sua obra. Porém, ainda que o resultado final possa não ter correspondido de forma tão precisa ao projeto inicial, trata-se sem dúvida de uma inexplicavelmente rara e sincera incursão aos bastidores do mundo teatral e/ou cinematográfico. Não deixa de ser surpreendente essa engenhosa observação sobre um retumbante fracasso comercial e de crítica em um meio e uma sociedade tão obcecada em explorar apenas o que é considerado sucesso. Nesse sentido, é interessante observar uma Jane Fonda tomando alguns tragos de bebida para suportar a própria ansiedade, reconfortando-se com as críticas desfavoráveis a Bette Davis e Joan Crawford em O Que Terá Acontecido a Baby Jane? ou tendo que enfrentar a pesada crítica do jornalista do Herald Tribune e a retirada da peça do cartaz, literalmente as últimas imagens do filme. Filmado em 16 mm. 55 minutos.

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