Filme do Dia: Phoenix (2014), Christian Petzold

 


Phoenix (Alemanha/Polônia, 2014). Direção: Christian Petzold. Rot. Adaptado: Christian Petzold & Harun Farocki, a partir do romance de Le Retour des Cendres, de Hubert Monteilhet. Fotografia: Hans Fromm. Música: Stefan Will. Montagem: Bettina Böhler. Dir. de arte: Kade Gruber & Merlin Ortner. Cenografia: Christin Busse. Figurinos: Anette Guther. Com: Nina Hoss, Ronald Zehrfeld, Nina Kunzendorf, Trystan Pütter, Michael Maertens, Imogen Kogge, Felix Römer, Uwe Preuss.

Nelly Lenz (Hoss) teve seu rosto desfigurado após uma passagem por um campo de concentração. Ela é apoiada por Lene (Kunzendorf), que sonha em leva-la consigo para Israel. Porém Nelly não pensa em outra coisa que encontrar o então marido Johnny (Zehrfeld). Ela o descobre trabalhando em uma boate, Phoenix. Johnny não a reconhece, mas planeja que Nelly se faça passar por ela própria para conquistar uma herança que seria dela, tornando-a cada vez mais próxima do que ela seria antes do incidente.

Irretocável em termos de elaboração visual e afastando-se da opção melodramática, o filme de Petzold parece uma pálida – e retroativa – sombra, de análises semelhantes empreendidas pelo cinema alemão com relação  a passado e protagonistas semelhantes, como Alemanha, Mãe Pálida  ou O Casamento de Maria Braun. De fato, por mais engenhosa que seja a solução do fantasma/fantasia de uma figura dupla de mulher, levemente evocativa de filmes como A Dupla Vida de Véronique ou Um Corpo Que Cai, aqui se encontra longe de possuir a mesma reverberação simbólica, aparentando muito mais se esgotar a um golpe de efeito narrativo. Pior que isso, seu “charme visual” e relativa contenção dramática não obscurecem uma narrativa essencialmente conservadora, que perfeitamente se adequaria aos padrões clássicos, por exemplo, na forma grandemente convencional que representa as relações de gêneros, com uma Nelly se sacrificando por um homem que abertamente pensa somente em seu dinheiro e, pior que isso, pode a ter delatado e uma amiga lésbica que – aparentemente por conta da recusa de Nelly em viajar com ela – suicida-se, todos lugares-comuns melodramáticos e no caso de personagens gays, destacado pelo documentário O CelulóideSecreto. Se Nelly sai fortalecida ao final, voltando a aparentar ser o que era, algo que alguns truques de maquiagem o fizeram muito mais que um competente cirurgião plástico, somente se deve às orientações de Johnny. Destaque para as virtuosas interpretações do par central. Schramm Film Koerner & Weber/BR/WDR/Arte. 98 minutos.

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