Filme do Dia: Hitchcock - 100 Anos de Suspense (1999), Ted Haimes

 

Hitchcock – 100 Anos de Suspense (Hitchcock: Shadow of a Genius, EUA, 1999). Direção:  Ted Haimes. Rot. Original: Ted Haimes. Fotografia: Michael Barry, Brian Dowley,  Bryan Duggan, Samuel Painter,  Mark Petersson,  Sam Sewell  &   Mark Zavad . Música: Taylor M. Uhler. Montagem: Arnold Glassman.

Esse documentário realizado para celebrar o centenário de nascimento do cineasta é decepcionantemente pouco inventivo. Porém, para além de didático, o que em si está longe de ser negativo – principalmente para o público mais vasto ao qual se encontra dirigido – o filme também não apresenta depoimentos interessantes ou reveladores de algo além do já conhecido. Assim, acompanhamos, entre outros momentos: a mudança do já então cineasta de maior prestígio da Inglaterra para os EUA; a célebre disputa de autoridade com o produtor Selznick, nos bastidores de Rebecca; seu primeiro filme verdadeiramente ambicioso, A Sombra de uma Dúvida, seu filme predileto; o sucesso comercial extraordinário com Interlúdio, que o alavanca de vez para produções com elencos estelares e maiores orçamentos; os experimentos com longuíssimos planos, que não satisfazem o público como Sob o Signo de Capricórnio e sua fase de ouro na década de 50, que teve seu ápice com Janela Indiscreta e Um Corpo que Cai; o câncer da esposa, e colaboradora essencial em seus filmes, Alma Reville; sua incursão pela TV, que o transforma em showman e assegura seu talento para auto-promoção; o impacto de Psicose à época de seu lançamento; o gradual declínio de sua carreira nas duas últimas décadas, com contínuos fracassos de público e crítica, à exceção de Frenesi, que marca seu retorno à Inglaterra; as homenagens finais, encaradas com certa ironia pelo cineasta. Conta com depoimentos de, entre outros, dos cineastas Jonathan Demme, Brian De Palma, Wes Craven, RobertAltman, Bogdanovich e de atores como Tippi Hedren, Janet Leigh, Teresa Wright e Robert Boyle além de sua filha, Patricia. Porém, os depoimentos mais expressivos são as imagens de arquivo com o próprio cineasta, seja explicando o seu batido “Effeito MacGuffin”, seja comentando sobre uma ou outra de suas produções. Algumas imagens amadoras, realizadas pelo cineasta em viagens e férias, também não acrescentam grande coisa ao documentário, que seguindo a lógica da grande audiência, praticamente ignora a carreira britânica de Hitchcock ou incursões suas menos conhecidas, como o chocante documentário que realizou nos campos de concentração alemães. Apresenta cenas-chaves de 24 dos filmes do cineasta. Produzido para a televisão.Rocket Science Laboratories.  90 minutos.