Filme do Dia: A Vitagraph Romance (1912), James Young

 


AVitagraph Romance (EUA, 1912). Direção e Rot. Original: James Young. Com: James, Morrison,  Clara Kimball Young, Edward Kimball, Flora Finch, James Young, Florence Turner, J.Stuart Blackton, Maurice Costello.

A filha do Senador Carter (Kimball), abandona sua residência e vai morar com Charles Mackay (Morrison), roteirista de cinema com quem se casa. A sorte não sorri para o casal inicialmente, mas por acaso Mackay topa com um conhecido seu dirigindo uma produção (Young) e esse diz que ele pode passar noss estúdios Vitagraph. Há muito tempo esperando pelo retorno da filha, Carter certo dia entra no cinema ao ver um cartaz em que ela aparece. Após a exibição, dirige-se até os estúdios, onde a reencontra, assim como finalmente aceita sua relação com Charles.

Antes mesmo do star-system se encontrar devidamente instituído, esse filme curiosamente apresenta seu próprio realizador simulando estar dirigindo uma cena, assim como boa parte da própria trupe de atores do estúdio. Com produção mais modesta que o estúdio de Griffith, não apenas existe um trupe menos extensa de atores, como um maior número de pessoas vinculadas por laços parentais, sendo Clara filha de Edward, tal como no filme e esposa do ator-realizador Young. Da mesma forma se percebe que a casa observada no momento em que Clara/Caroline foge com seu amado é não apenas a mesma que será utilizada em When Mary Grew Up como de um ângulo e uma finalidade narrativa bastante próxima. Assim como o cenário e ângulos que são filmados o gabinete de trabalho do pai de Clara são os mesmos observados em Alma’s Champion. Se Griffith não ousou abordar o próprio cinema, talvez pela dificuldade técnica de captar a imagem da tela de cinema de modo minimamente verossímil – a saída aqui, uma sobreposição de imagens, é mais tosca que a de um filme pioneiro a emular a recepção de um filme como Uncle Josh at Moving Picture Show, de dez anos antes – em A Drukard’s Reformation, Young faz não apenas uma representação da exibição, como também das filmagens, do próprio estúdio, atores e realizadores que nele trabalhavam, como ele próprio e Blackton, um dos pioneiros da animação. Se o filme de Griffith queria apresentar o cinema como um via para espetáculos saudáveis e exemplares, através do teatro, seu modelo e de onde provinha, aqui não existe propriamente nenhuma lição de moral envolvida, mesmo que a educação e comedimento com que o pai assiste cenas como a de sua filha sendo arrastada por um grupo de negros no filme exibido no cinema, motivo recorrente na produção de então e que será torpemente explorado por Griffith em seu  O Nascimento de uma Nação, seu reencontro com a filha e seu esposo vem em aberto tom concilitário. Seu status social elevado não parece se chocar com as vulgaridades mundanas que alguém de sua posição social poderia associar ao cinema, sendo um referendo não apenas a sua relação mas a sua atividade igualmente. Vitagraph Co. of America para General Film Co. 13 minutos e 55 segundos.

 

 

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