Filme do Dia: Sinfonia Prateada (1952), Douglas Sirk

 


Sinfonia Prateada (Has Anybody Seen My Gal?, EUA, 1952). Direção: Douglas Sirk. Rot. Adaptado: Joseph Hoffman, baseado no conto de Eleanor H. Porter. Fotografia:  Clifford Stine. Música: Henri Mancini & Herman Stein. Montagem: Russell F. Schoengarth. Dir. de arte:  Hilyard M. Brown & Bernard Herzbrun. Cenografia: John P. Austin & Russell A.Gausman. figurinos: Rosemary Odell. Com: Piper Laurie, Rock Hudson, Charles Coburn, Gigi Perreau, Lynn Bari, Larry Gates, William Reynolds, Skip Homeier.

No final do século XIX, o magnata Samuel Fulton (Coburn), acreditando que lhe resta pouca vida, decide deixar sua fortuna para a família de um amor não concretizado que tivera na juventude, já falecida. Decide, então, conhecer de perto o cotidiano da família, fazendo-se passar por pensionista. A harmonia familiar, mesmo com os resmungos habituais, cede quando chega um misterioso cheque de 100 mil dólares: Harriet Blaisdell (Bari), com sua mania de riqueza, logo decide morar em uma mansão e faz com que o marido, Charles (Reynolds), venda sua loja; ao mesmo tempo, faz com que a filha, Millicent (Laurie), rompa com seu namorado pobretão Dan (Hudson) e passe a namorar com Carl Pennock (Homeier), filho de uma prestigiada família local e acaba por decidir que Fulton não mais viverá com a família, já que não mais necessitam de pensionista. Logo, no entanto, o sonho transforma-se em pesadelo, quando a família afunda-se em dívidas. O auge do fracasso é a noite do noivado entre Harriet e Carl, quando a famíia Pennock abandona a festa, após saber das dívidas dos Blaisdell. Sem outra escapatória, os Blaisdell voltam à antiga residência e toda a rotina, inclusive a sentimental entre Harriet e Dan, volta a ser a mesma. Feliz, Fulton, que intercedera para que boa parte dos acontecimentos retornassem aos bons termos, decide voltar para seu lugar.

Longe de seus melhores filmes, Sirk embarca até a medula nessa fantasia escapista que nada fica há dever as comédias e dramas de Frank Capra, dos anos 30 em diante. Novamente, a mesma romantização da pobreza de filmes como A Felicidade Não Se Compra (1946). Sua profusão de cores e sua história excessivamente inverossímil e previsível, quando não caricata, se encontram longe de suas fantasias mais sofisticadas, como os melodramas contemporâneos ou ambientados em passado recente, que permitem uma leitura subliminar grandemente irônica. Uma das originalidades do filme, no entanto, é discretamente utilizar de alguns números musicais no meio do enredo. O filme faz parte de uma trilogia nostálgica sobre esse passado provinciano mítico dos EUA. Os dois filmes seguintes, também produzidos no mesmo ano,  Música e Romance e Mulher de Fogo já apresentam indícios da sutil ironia com os valores do modo de vida americano, que se tornaria a marca registrada do cineasta. Primeira das sete colaborações de Hudson com Sirk. Laurie seguiria uma longa carreira no cinema. Universal. 89 minutos.

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