Filme do Dia: Uma Lição de Amor (1954), Ingmar Bergman

 


Uma Lição de Amor (En Lektion i Kärlek, Suécia, 1954). Direção e Rot. Original: Ingmar Bergman. Fotografia: Martin Bodin. Música: Dag Wiren. Montagem: Oskar Rosander. Dir. de arte: P.A. Lundgren. Dir. de arte: Ingmar Bergman. Com: Eva Dahlbeck, Gunnar Björnstrand, Yvonne Lombard, Harriet Andersson, Ake Grönberg, Olof Winnerstrand, Birgitte Reimer, John Elfström.

Marianne (Dahlbeck) e David Erneman (Björnstrand), casal que vivencia crise conjugal, relembra bons e maus momentos de sua vida em comum numa viagem de trem. David também relembra a crise de sua filha adolescente, Nix (Andersson), na descoberta da sexualidade e a relação conturbada de sua esposa, com o artista fanfarrão Carl-Adam (Grönberg), com quem dessistiu de casar no momento do casamento, para ficar com David.

Bergman, num dos momentos mais inspirados de sua carreira, realiza essa comédia leve, mas que ao mesmo tempo toca com certa incisividade pouco usual na questão do desejo feminino e sua autonomia enquanto indivíduo. É bem verdade que a graciosidade das comédias que realizou nesse momento – como no esplêndido Sorrisos de uma Noite de Amor – soam por vezes mais convidativas que o tom demasiado sombrio e mesmo pomposo com que o crescente pessimismo de seus filmes da década seguinte são carregados. Porém, é não menos verdadeiro que esse filme, em particular, talvez se ressinta de sua estrutura demasiado teatral, algo que fica de fato expresso não apenas por conta da postura dos atores, em suas interpretações habitualmente magníficas, e seus diálogos, sustentados em todo o seu brilho por planos habitualmente bastante longos, mas igualmente pelo desaparecimento súbito da amante com que a trama se iniciara, produto da engenhosidade talvez um pouco demasiado fácil com que articula os flashbacks. Existem momentos que, embora belos por si só – como o que David se encontra com a filha, vivida por uma Andersson bem mais juvenilizada do que a que havia aparecido em um filme anterior do realizador, Monika e o Desejo (1953), talvez o melhor dessa fase; ou o do aniversário do avô  -  não parecem ajudar muito  em termos do eixo central da narrativa. Bergman surge, no melhor estilo Hitchcock, como o passageiro que lê jornal no corredor do trem. Entre os destaques, talvez nenhum seja mais charmoso do que o modo como filme acaba fazendo a apresentação do casal principal. Assim como o uso bem humorado com que é utilizado o fundo, seja ressaltando a ação que ocorre próxima da câmera ou apresentando ações distintas. Os momentos que descriminam os flashbacks são bem delimitados e o realizador ainda se utiliza do artifício de fazer com que passado e presente dialoguem de forma literal, como em Morangos Silvestres. Svensk Filmindustri. 96 minutos.

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