Dicionário Histórico de Cinema Sul-Americano#15: Festival Internacional de Cine de Cartagena

 


FESTIVAL INTERNACIONAL DE CINE DE CARTAGENA (Colômbia). O Festival Internacional de Cinema de Cartagena de Indias é o mais antigo festival de cinema latino-americano, ocorrendo no mês de março, de forma continuada, desde 1961. Foi fundado por Victor Nieto, que morreu em  novembro de 2008, aos 92 anos, depois de finalmente ter cedido o controle do festival para uma nova gerente-geral, Lina Paola Rodríguez Fernandez. Para a edição de número 51, em 2011, que se moveu para um pouco antes, o final de fevereiro, Rodríguez Fernandez contratou uma nova diretora, Monika Wagenberg (que havia administrado o Festival de Cinema de Miami) e a dupla introduziu um novo formato de competição, em favor de emergentes e novos realizadores, em seus primeiros, segundos e terceiros filmes da Espanha, Portugal, e Ibero-América somente. O prêmio principal foi para o chileno Post Morten, de Pablo Larraín. Também introduziram a competição "100 por cento colombiano", vencida por La Sociedad del Semaforo, de Ruben Mendoza. O festival de 2011 foi prestigiado por vários convidados internacionais, incluindo Geraldine Chaplin e o diretor mexicano Arturo Ripstein, e foi notavelmente aberto pelo presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos. 

Nos anos iniciais, a categoria longa-metragem incluía filmes de todo o mundo, mas o foco em filmes latino-americanos se iniciou em 1976. Assim, o filme brasileiro que ganhou a Palma de Ouro em Cannes, O Pagador de Promessas, já havia ganho um Prêmio Especial do Júri em Cartagena, e o documentário colombiano Planas, Testimonio de un Etnocidio (1970), dirigido por Marta Rodríguez e Jorge Silva, ganhou o prêmio principal em 1972, enquanto o peruano Armando Robles venceu o principal por Espejismo (1972), em 1974. Nos anos 80, filmes argentinos tiveram uma série de sucessos, com Adolfo Aristarain levando o prêmio principal em 1982 por Tiempo de Revancha, Norma Aleandro conquistando o prêmio de atriz em 85, e Tangos, El Exilio de Gardel, de Fernando E. Solanas, vencendo dois prêmios em 86. Prêmios  criados especificamente para o cinema colombiano foram introduzidos em 1984, e em 1986 Lisandro Duque Naranjo venceu o Pelicano Dourado (Melhor Filme Colombiano) por Visa USA

Ao longo dos anos 2000, a série de filmes na competição latino-americana cresceu para 17, em 2003, quando Cidade de Deus (2002) venceu, e 19 em 2004, quando outro filme brasileiro, Carandiru, de Héctor Babenco, recebeu o prêmio principal. Em 2005, um filme colombiano, Sumas y Restas (2004), de Victor Gavíria, venceu o prêmio principal, mas somente treze filmes competiram. Nos anos recentes, muitos poucos filmes marcantes tem sido apresentados, e quando o filme Retratos en un Mar de Mentiras, de Carlos Gaviria foi premiado localmente em Cartagena em 2010, após ter sido exibido em Berlim, seria capaz de conquistar apenas o Prêmio de Primeira Obra. No entanto, o Festival de Cartagena foi o primeiro festival de cinema internacional a ser especificamente latino-americano, como reconhecido pela Federação Internacional das Associações de Produtores de Cinema, sendo creditado definitivamente como tal em 2008, para sua 49 edição no ano seguinte. Felizmente, o redirecionamento do festival em favor de realizadores emergentes trouxe uma renovação do prestígio para o histórico Festival de Cartagena nos anos vindouros.


Fonte: Rist, Peter H. Historical Dictionary of South American Cinema. Plymouth: Rowman & Littlefield, pp. 251-2.

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