Filme do Dia: Following Sean (2005), Ralph Arlyck
Following Sean (EUA,
2005). Direção e Rot. Original: Ralph Arlyck. Fotografia: Ralph Arlyck &
Tom Tucker. Música: Éric Neveaux. Montagem: Malcolm Pullinger.
Arlyck tem como
propósito rever Sean, o garoto de 4 anos, filho do casal hippie vizinho, que
vivia no bairro hippie de Haight-Ashbury na San Francisco dos anos da
psicodelia, e que fora tema de um curta-metragem que leva seu título (1970).
Ele não apenas o reencontra como igualmente seu pai, sua mãe, uma de suas irmãs
e ainda nos faz adentrar um pouco na sua própria intimidade familiar,
apresentando sua esposa e boa parte de sua família. É notório o processo de
associação de imagens do passado com o presente, como quando Sean opera uma
atividade na sua vida profissional atual e o vemos, ainda criança, ao lado do
pai, que também executa atividades ligadas a marcenaria, já mexendo em algo do
tipo. Aqui, mais do que nunca, fica evidente a explicitação de uma herança
geracional, pois mais adiante também acompanharemos o próprio Sean, então com
31 anos, reencontrando a imigrante russa com quem casará e, depois, já com seu próprio filho. Fica evidente, e a
narração de Arlyck não deixa de frisá-lo, que as condições de vida para Sean
hoje são bem mais penosas do que as que se defrontou seu pai, mesmo ele tendo
um título como advogado em Berkeley. Porém dois senões no mínimo tiram um pouco
ou muito do brilho desse filme feito com aparente entrega e honestidade.
Primeiro, o fato de que o filme, a guisa de seguir Sean, na verdade acaba
adentrando por pessoas e locais que pouco ou nada dizem respeito a este, num
desvio de rota que, mesmo sendo consciente, pode simplesmente demonstrar que o
realizador não conseguiu extrair material suficiente para se centrar em seu
próprio personagem, ainda que esse servisse apenas como pretexto para se
discutir as mudanças geracionais e a importância da família na construção da
personalidade de seus integrantes. Depois, o grau de intrusão no universo de
seu tematizado, expresso mais do que nunca no momento em que Sean vai buscar
sua futura esposa no aeroporto, e pede para que ele interrompa a filmagem,
pedido que não é cumprido por Arlyck. No final de contas, parece haver sempre um constrangimento que não
desanuvia de todos os filmados a presença da câmera e que atrapalha os
propósitos intimistas fundamentais para o projeto de Arlyck. Talvez uma das
coisas que mais chamem a atenção é o nível de democratização do registro de
imagens nos Estados Unidos, o cineasta conseguindo inclusive resgatar imagens
que apresentam o avô de Sean depondo na Comissão de Atividades Anti-Americanas
em 1960, por ser comunista. Destaque para o momento reproduzido do curta em que
o pequeno Sean afirma já ter experimentado maconha, que causou furor quando de
sua exibição. Timed Exposures para Upstate Films/Shadow Distribution. 87
minutos.
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