Filme do Dia: O Pagador de Promessas (1962), Anselmo Duarte

O Pagador de Promessas (Brasil, 1962). Direção: Anselmo Duarte. Rot. Adaptado: Anselmo Duarte, baseado na peca de Dias Gomes. Fotografia: H.E. Fowle. Musica: Gabriel Migliori. montagem: Carlos Coimbra. Dir. de arte: Jose Teixeira de Araújo. Com: Leonardo Villar, Gloria Menezes, Dionísio Azevedo, Norma Bengell, Geraldo Del Rey, Roberto Ferreira, Othon Bastos, Antonio Pitanga.
          Zé (Villar) é um matuto que vai com a esposa, Rosa (Menezes) ate a capital baiana para pagar uma promessa para Santa Bárbara, pela graça de ter salvo seu burro. Porem a sua longa caminhada carregando uma cruz parece um sacrifício ínfimo comparado a incompreensão com que e recebido na cidade: o padre (Azevedo) rejeita sua entrada na igreja, quando afirma que foi igualmente a um terreiro de candomblé e sua mulher, por sua vez, é seduzida por um cafetão conhecido como Bonitão (Del Rey) e passa vergonha em publico ao brigar com a prostituta que o sustenta, Marli (Bengell). Aos poucos, toda a comunidade se vê envolvida com a missão de Zé de por a cruz dentro da igreja. Temendo uma reação popular, a Igreja envia um bispo que não consegue demover Zé do seu desejo. Também a imprensa e populares são atraídos, assim como a policia, o que gera um conflito em que Zé é morto. Só morto, afinal, ele vai conseguir realizar seu desejo, sendo carregado na cruz ate o interior da igreja.
       Mesmo que, ironicamente, compartilhe de temas e elenco bem próximos das produções do contemporâneo Cinema Novo, igualmente interessado em temas populares e na realidade nordestina, o filme se aproxima mais do “cinema de qualidade” brasileiro da década anterior. Tal aproximação deve-se, em grande parte, tanto a maneira ingênua, paternalista e folclórica com que se aproxima do conflito, como pela ausência de uma visão estética autoral, como presente na maior parte das obras do Cinema Novo. Menezes está caricata como nordestina, enquanto Villar sai-se melhor. Bem realizado e com algumas sequências isoladas  que nada ficam a dever às produções cinema-novistas – como a que Zé aprecia a imagem de Santa Bárbara chegando a Igreja – o filme teve uma boa acolhida internacional, sendo laureado com a Palma de Ouro em Cannes. Cinidistri. 92 minutos.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Filme do Dia: Der Traum des Bildhauers (1907), Johann Schwarzer

Filme do Dia: El Despojo (1960), Antonio Reynoso

Filme do Dia: Quem é a Bruxa? (1949), Friz Freleng