Filme do Dia: Docas de Nova York (1928), Josef von Sternberg
Docas de Nova York (The Docks of New York, EUA, 1928).
Direção: Josef von Sternberg. Rot. Adaptado: Jules Furthman & Julian
Johnson, baseado em The Dock Walloper,
de John Monk Saunders. Fotografia: Harold Rosson. montagem: Helen Lewis. Dir.
de arte: Hans Dreier. Com: George Bancroft, Betty Compson, Olga Baclanova,
Clyde Cook, Mitchell Lewis, Gustav von Seyffertitz, Guy Oliver, May Foster.
Bill Roberts (Bancroft) é um rude
marinheiro, acostumado a enfrentar os obstáculos pelo muque. Certa noite ele
salva a jovem Mae (Compson) do suicídio. O envolvimento anterior dela com o
engenheiro da equipe, e patrão de Roberts (Lewis), gera uma tensão entre este e Roberts. Roberts
o esmurra, e perde o emprego. Roberts se casa com Mae pouco depois. O engenheiro tenta seduzir à força Mae e é mortalmente ferido por ela. Quando a polícia chega, a esposa de
Steve, Lou (Baclanova), entrega-se se dizendo a culpada pelo crime. Na manhã
seguinte ao casamento, Roberts embarca em um navio. Descontente com a
exploração do trabalho, pula na água e retorna a Nova York. Descobre que Mae
foi presa pela alegação de furtar roupas. No dia do julgamente, entrega-se em
seu lugar.
Antes de se tornar mundialmente
reconhecido com O Anjo Azul (1930),
na Alemanha, assim como pela subseqüente série de filmes igualmente estrelados
por sua musa Dietrich, Sternberg realizou um conjunto de produções silenciosas
americanas menos conhecidas, dos quais este talvez seja o primeiro exemplar a
chamar certa atenção da crítica. Provavelmente se torna mais interessante aos
olhos de hoje por por seus mirabolantes movimentos de câmera e pelo efeito de
“esfumaçamento” na imagem, que ajuda a criar um senso atmosférico que, somado
aos cenários que reproduzem um ambiente decadente e poroso de sexo, antecipa o de suas produções com Dietrich. Um
exemplo de seu magistral trabalho de câmera é o plano no qual a câmera se
afasta do casal protagonista, que passa a ser somente mais um dos inúmeros
casais que cedem lugar a uma briga que passa a ocorrer em primeiro plano. Ou
ainda a feérica seqüência inicial, digna do grand
guignol. Mesmo que a ousadia no trato do sexo e do universo que o acolhe
esteja presente, o resultado final parece infinitamente mais convencional do
que a abordagem de um Erich Von Stroheim (basta compará-lo com o incompleto e
contemporâneo Minha Rainha),
assemelhando-se mais a uma antecipação do realismo poético francês ou a uma
história de amor que surge “do lodaçal do vício ” mais próxima do melodrama
hollywoodiano. National Film Registry em 1999. Paramount Pictures. 76 minutos.
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