Filme do Dia: Para Sempre Mozart (1996), Jean-Luc Godard

 




Para Sempre Mozart (For Ever Mozart, França/Suiça,1996). Direção: Jean-Luc Godard. Rot. Original: Jean-Luc Godard. Fotografia: Katell Djian,  Jean-Pierre Fedrizzi & Christophe Pollock. Música: Ketil Bjornstad,  David Darling, Ben Harper & György Kurtág Jr. Montagem: Jean-Luc Godard. Dir. de arte: Ivan Niclass. Figurinos: Marina Zuliani. Com: Madeleine Assas, Frédéric Pierrot, Ghalia Lacroix, Vicky Messica, Harry Cleven.

Ao apresentar como mote a viagem de um grupo de artistas franceses até Sarajevo, liderado pela neta de Albert Camus, Camille (Assas), para a montagem de uma peça de Mousset, ao mesmo tempo que apresenta os bastidores da filmagem de um produção chamada Bolero Sedutor, dirigida pelo cineasta  Vicky Messica (Vitalis), Godard na verdade acaba retrabalhando algumas de suas inquietações. Com uma linguagem grandemente fragmentária e distante de qualquer pretensão naturalista, o filme se apresenta mais preocupado antes com as idéias. E na realização de seu cinema de idéias, não faltando alusões literárias, cinematográficas e políticas que vão de André Malraoux aos Irmãos Hakin – produtores de boa parte dos cineastas europeus de “filmes de arte” na década de 60; de Charles de Gaulle a Jean Cocteau (a quem já havia dedicado seu filme) – “oh horror, oh horror” da adaptação do cineasta  de Antígona, para um momento igualmente de morte; de John Ford às atrocidades da guerra na Iuguslávia. Longe de um esteticismo vazio, o filme consegue como poucos atualmente, fugir da pasmaceira generalizada, apresentando uma visão de mundo profundamente idiossincrática, emocionalmente distanciada de apelo fácil e, em certos momentos auto-irônica – como na seqüência em que o público abandona em massa o filme dirigido por Messica; um garoto preferindo ir assistir O Exterminador do Futuro IV, ao saber que o filme não exibirá seios. Mesmo cerebral, é também permeado por momentos de grande lirismo, como a cena em que a atriz do filme de Messica repete mais de 100 takes dizendo sim, e não satisfazendo o cineasta. Destaque para o sofisticado trabalho de som, com metralhadoras e bombas irrompendo em meios aos diálogos, e numa seqüência em que a família de Camille discute em uma sala, a interessante utilização do som off, de efeito perturbador. Não menos digna de nota é a bela trilha sonora. Le Studio Canal+/  France 2 Cinéma/ Peripheria Vega Film AG/ Rhone-Alps Films/ Télévision Suisse-Romande/ Avventura Films. 84 minutos.

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