Terra (Zemlya, URSS, 1930). Direção, Rot. Original e Montagem: Alexander Dovjenko. Fotografia: Daniil Demutski. Dir. de arte: Vassily Krichevski. Com:
Stepan Shkurat, Semyon Svashenko, Nikolai Nadensky, Yulyia Solntseva, Ivan
Franko, Pyotr Masokha, Vladimir Mikhaljov, Nikolai Mikhaljov, Luka Lyashenko.
Basil (Svashenko) decide revolucionar
a pequena aldeia trazendo um trator motorizado para os camponeses, que sofrem
todos os tipos de reveses pelo atraso em que vivem e dependência dos
fazendeiros. O sucesso de sua empreitada provoca a fúria dos fazendeiros. Em
uma noite em que comemora solitariamente os avanços na colheita agrícola pela
comunidade, Basil é morto pelo fazendeiro Semyon (Nadensky). Seu pai, Opanas (Shkurat),
indignado, consegue trasnformar o cortejo fúnebre do filho em um ato pela vida,
esperança e transformação da realidade social da comunidade.
O
estilo panteísta de Dovjenko, em que o ciclo da vida e da morte ganha destaque,
assim como sua poética das imagens (que, mesmo calcada na montagem, nada
compartilha com a construída por Eisenstein) o destacam dentro da produção
soviética contemporânea e subsumem seu caráter de propaganda do regime
soviético segundo a crítica. Se é bem verdade que tais valores hoje em dia se
tornam muito mais pregnantes, assim como a relação seminal entre pai e filho
(evocada em um último plano que parece antecipar em oito décadas a relação
presente no Pai e Filho de Sukorov)
do que propriamente a sua exaltação do proletariado ucraniano que resolve lidar
com sua própria possibilidade de autonomia, tampouco o tom de propaganda deixa
de se fazer presente ao longo de todo o filme. O resultado final, inclusive a
clássica seqüência em que agricultores urinam no radiador do novo trator que se
encontra sem água, acabou desagradando em vários pontos a cada vez mais
conservadora censura soviética. Seu tom libertário, que associa ao discurso
político dimensões outras como a da sexualidade, praticamente ausente em todos
os outros mestres soviéticos do período (representada na nudez e desespero
carnal da viúva de Basil) demonstraria se encontrar entre as últimas grandes
obras do cinema soviético antes da ascensão dos ditamos do Realismo Socialista.
Wufku. 75 minutos
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