Filme do Dia: A Coach for Cinderella (1936), F. Lyle Goldman
A Coach for Cinderella (EUA, 1936).
Direção: F. Lyle Godlman. Música: Samuel Benavie.
Uma das coisas que talvez mais chame a
atenção nesse curta, cuja existência relativiza a originalidade do que o segue
(A Ride for Cinderella) é a
facilidade com que motivos comuns do universo da fantasia também se tornam
compartilhados pelo universo da animação, inclusive em se tratando de estúdios
rivais ou produções à parte como essa, cuja comunidade de duendes em tudo e por
tudo evoca a presente na Silly Symphony
disneyana Crianças na Floresta, de
alguns anos antes. Destaque para o momento em que Cinderella, ainda como “gata
borralheira”, surge mais bonita e sensual, deitada sobre o chão, numa imagem
que mais parece extraída da rotoscopia – não há nada sequer próximo disso no
curta que se segue, com ela já personificada como a garota elegante que atrairá
os olhos do Príncipe Encantado. Um dos momentos mais prolongados do curta é o
dos preparativos para que Cinderella e seus adereços estejam prontos para o
baile pelo exército de duendes. Mas tanto eles parecem mais tipicamente
infantilizados e destituídos da obliqua ironia que lhes lança Max Fleischer
(que dirigiu o curta posterior), como esse parece igualmente fazer mais parte
do açucarado universo da fantasia animada de então, com uma canção idem para
ilustrar. E o curioso é que quando o carro entra na máquina que o “moderniza”
se escuta os acordes de uma clássica música latina (dos quais, evidentemente, não
se tem notícia nos créditos finais, algo que mesmo produções mais
endinheiradas, como as co-estreladas por Carmen Miranda, alguns anos depois,
fizeram-no adequadamente). Curta em tudo inferior ao que lhe segue,
apresentando, por exemplo, o modelo de carro GM com motorista, “item”
sabidamente extraído de sua sequencia, o que dá um grau de autonomia muito mais
moderno a heroína. Fazendo uso de um chiste em relação a elementos dessa
produção, pode-se afirmar que o curta que dá sequencia a história “se modernizou”
tal e qual o carro. Ao contrário do posterior também surge a marca da Chevrolet
de forma ostensiva ao final. Em termos da qualidade gráfica da animação, no
entanto, se encontra à altura daquele.
JHO/General Motors, Chevrolet Division. 9 minutos e 22 segundos.
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