Filme do Dia: Um Limite Entre Nós (2016), Denzel Washington

 






Um Limite Entre Nós (Fences, EUA, 2016). Direção: Denzel Washington. Rot. Adaptado: August Wilson a partir de sua peça homônima. Fotografia: Charlotte Bruus Christensen. Música: Marcelo Zarvos. Montagem: Hughes Winborne. Dir. de arte: David Gropman, Karen Gropman & Gregory A. Weimerskirch. Cenografia: Rebbeca Brown. Figurinos: Sharen Davis. Com: Denzel Washington, Viola Davis, Stephen Henderson, Jovan Adepo, Russell Hornsby, Mykelti Williamson, Saniyya Sidney, Christopher Mele.

Troy (Washington) leva a vida trabalhando como lixeiro. Seu melhor amigo é o branco Bono (Henderson), sua mulher Rose (Davis), que vive entre afagos e tensões, o filho de outra união, Lyons (Hornsby), que ralha por não ganhar a vida ainda aos 34 anos e tentar fazê-lo como músico e o filho mais novo Cory (Adepo), de sua relação com Rose, em que o enfrentamento é maior, por conta do jovem querer ser um atleta do futebol americano, quando ele próprio não pode desenvolver seu talento no beisebol, pois quando foi admitido o ingresso de negros nas equipes ele já era demasiado velho. Com o casamento um tanto desgastado pelo tempo, a crise se agudiza quando Troy afirma estar esperando uma filha de outra mulher. Essa morre no parto e é Rose quem a criará.

Suas origens teatrais sufocam qualquer tentativa de compartilhamento do que se pretende sensível. De fato, o falatório o persegue do início ao final, com um prólogo que já é um mau presságio e uma forte sinalização de suas origens, quando praticamente mal se consegue acompanhar as legendas do que o protagonista vivido por Washington vocifera. Em um filme no qual o ator principal é também seu diretor e o roteirista é ninguém menos que o próprio autor da obra teatral não é de se esperar uma maior capacidade de síntese. O drama está na mesa já de muito, e se torna redundante, a sopa esfria rápido ou sequer chegou a vir quente. Há o pai que se pretende maior que a vida, mas não fica muito claro por qual motivo exatamente, afogando-se na bebida e vomitando o ressentimento do que não conseguiu ser e tentando perpetuá-lo sobre o filho. Há a figura materna, há meio caminho entre a mãe coragem e a simplesmente submissa, que deixou  a personalidade do marido ocupar quase todo o seu ser. E há todo um abismo que separa tais personagens de um drama familiar do peso de um Longa Jornada Noite Adentro e mesmo sua adaptação cinematográfica mais célebre, por Sidney Lumet. Aqui o sentimentalismo trivial se esgueira por trás de cada rompante de ira ou frustração, corroendo qualquer possibilidade de se ir além da condescendência e paternalismo com relação aos que retrata, quase todos próximos de tão ralos quanto o irmão amalucado de Troy. Washington já havia vivido o personagem no teatro, como os outros quatro atores principais. Bron Studios/Scape Artists/MACRO/Paramount Pictures/Scott Rudin Prod. para Paramount Pictures. 139 minutos.

 

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