Dicionário Histórico de Cinema Sul-Americano#90: Luiz Carlos Barreto

 


BARRETO, LUIZ CARLOS (Brasil, 1928). Mais conhecido como o pai de dois realizadores bem sucedidos, Bruno e Fabio Barreto, e talvez o mais importante produtor do Cinema Novo, Luiz Carlos Barreto tem trabalhado igualmente como diretor, roterista e, mais notavelmente, diretor de fotografia. Forneceu as imagens "secas, ásperas", frequentemente estouradas (super-expostas) para Vidas Secas (1963), e compartilhou a função de cinegrafista com Dib Lutfi em Terra em Transe  (1967). Robert Stam e Randall Johnson indicam que Barreto foi "creditado como 'inventando' uma espécie de luz apropriada ao cinema brasileiro. [1982, p. 125]. Foi também um dos produtores de Vidas Secas e, antes deste, do documentário em longa-metragem que desconstruía o futebol e talvez a primeira obra do Brasil do "cinema direto", Garrincha, Alegria do Povo (1963), dirigido por Joaquim Pedro de Andrade. Desde os primórdios, produziu filmes sobre a bandeira da sua produtora, Luiz Carlos Barreto Produções Cinematográficas, uma companhia que continua (2014) a operar. Em meados dos anos 60, foi central para a companhia distribuidora do cinema, Difilme, e produziu muitos dos filmes-chaves do movimento nos anos 60. Estes incluíam A Grande Cidade (1966), dirigido por Carlos Diegues; A Hora e a Vez de Augusto Matraga (1966), dirigido por Roberto Santos; e O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro (1969), de Rocha. Foi o produtor-executivo em Terra em Transe.

Ainda que Barreto tenha inicialmente se oposto a criação do Instituto Nacional de Cinema (INC), temendo que fosse apoiar estritamente os filmes brasileiros comerciais, foi pragmático e assinou uma declaração apoiando-o. Nos primórdios dos anos 70 esteve ativamente envolvido na formação da Embrafilme, e foi um produtor de cinema bastante prolífico, mais destacadamente para Azyllo Muito Louco (1970) e Como Era Gostoso o Meu Francês (1971), de Nélson Pereira dos Santos; Guerra Conjugal (1974), de Joaquim Pedro; e Lição de Amor (1975), de Eduardo Escorel. De meados dos anos 70 em diante, Barreto e sua esposa Lucy, se concentraram na produção e produção-executiva dos projetos de seus dois filhos, apesar de ainda encontrarem tempo para coproduzir importantes filmes brasileiros tais como Bye Bye Brasil (1980), de Diegues, Inocência (1983), de Walter Lima Jr. e Memórias do Cárcere (1984), de Nélson Pereira. Em 2010, a Luiz Carlos Barreto Produções Cinematográficas havia produzido 55 longas metragens. 

Texto: Rist, Peter H. Historical Dictionary of South American Cinema. Plymouth: Rowman & Littlefield, 2014, pp. 68-9.

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