Filme do Dia: Sem Lei e Sem Alma (1957), John Sturges

 


Sem Lei e Sem Alma (Gunfight at the O.K. Corral, EUA, 1957). Direção John Sturges. Rot. Adaptado Leon Uris, sugerido a partir de um artigo de George Scullin. Fotografia Charles Lang. Música Dimitri Tiomkin. Montagem Warren Low. Dir. de arte Hal Pereira & Walter H. Tyler. Cenografia Sam Comer & Arthur Krams. Figurinos Edith Head. Maquiagem Wally Westmore. Com Burt Lancaster, Kirk Douglas, Rhonda Fleming, Jo Van Fleet, John Ireland, Lyle Betgger, Frank Faylen, Earl Holliman, Ted de Corsia, Dennis Hopper, Lee Van Cleef, Ted de Corsia, John Hudson, Martin Milner.

Ed Bailey (Van Cleef) busca vingar a morte do irmão por Doc Holliday (Douglas) em Fort Griffin, Texas. Quem também chega à cidade é o famigerado xerife Wyatt Earp (Lancaster), achando que irá prender dois detratores da lei, mas fica sabendo que o xerife da cidade, Cotton Wilson (Faylen) os deixou soltos por temer por sua própria vida. Demonstrando se encontrar desarmado, Holliday adentra no mesmo saloon onde se encontra Bailey, porém quando este tenta mata-lo com uma arma escondida na perna, algo que já havia sido soprado para Holliday por sua amante, Kate (Van Fleet), que soubera através de Earp, Holliday o mata com uma faca. De volta a Dodge City, mesmo alertado por Earp para não mais andar por lá, Holliday sabe que Kate o abandonou por Ringo (Ireland), um dos foras-da-lei que Cotton não prendeu. Este humilha Holliday, mas este consegue se controlar, a partir do que lhe fora admoestado por Earp. Laura Denbow (Fleming) desafia a lei de não ser permitida a presença de mulheres em jogos e é presa por Earp. Um grupo de bagunceiros, liderados por Shangai Pierce (de Corsia) inicia uma confusão, mas são presos por Earp, com auxílio de Holliday. Kate tenta retornar para Doc, mas este a recusa. Wyatt Earp se apaixona por Laura, após ela solta por influência de Holliday, porém quando está prestes a abandonar a carreira de xerife e partir com Laura para a Califórnia, seu irmão Virgil (Hudson) lhe pede ajuda em Tombstone, Arizona. Ele parte, deixando Laura profundamente magoada. O objetivo é deter Ike Clanton (Bettger) de se deslocar com centenas de reses roubadas. Conscientes da presença e do peso do nome de Wyatt Earp na área, os Clanton pensam assassina-lo em uma emboscada, na verdade matando seu irmão mais jovem, James (Milner). Pela primeira vez Earp se encontra fora de si e aceita o duelo em Ok Corral, contando de última hora com a presença de um tuberculoso e frágil Doc Holliday. Embora a peleja seja de seis contra quatro, desfavorável a Earp, todos os seis são mortos, incluso o mais jovem, a quem Earp aconselha a rendição, Billy Clanton (Hopper). Após um último encontro com Doc Holliday, Wyatt Earp, que havia jogado seu distintivo ao lado do cadáver de Billy, parte para a Califórnia, com o intuito de se unir a Laura.

Talvez as bem mais modestas produções de Anthony Mann contemporâneas, estreladas por Randolph Scott, tenham feito mais pelo gênero, com sua capacidade de síntese, que algumas mais extravagantes como essa, a trazerem igualmente algumas modulações na figura da dupla principal – trata-se de um buddy movie, com dois astros de apelo tão forte à época quanto seriam Paul Newman e Robert Redford em Butch Cassidy mais de uma década após ou Marlon Brando e Jack Nicholson em Duelo de Gigantes – embora a dupla deste já tivesse participado de um filme juntos antes, e fizessem outros cinco após. E embora um encarne a lei, e o outro o seu oposto, Earp não deixa de demonstrar sua lealdade para com o homem que lhe salvou a vida, apresentando os limites de sua litania pela justiça e o desarmamento – nesse sentido, há uma retroalimentação entre os dois personagens, apontando a fugacidade do discurso civilizatório; há inúmeros momentos nos quais um Lancaster que ocasionalmente já parece antecipar o Príncipe de Lampedusa de O Leopardo, ou algum herói liberal típico vivido pelo ator, aconselha Holliday, que ironicamente o chama de pastor, mas em compensação é este que o alerta para não sucumbir à provocação dos Clantons, quando da morte do irmão. Jo Van Fleet parece praticamente repetir o papel de prostituta aposentada matrona de Vidas Amargas, e a escolha certamente se deu a partir do filme anterior de Kazan, inclusive com personagem de idêntico nome,  enquanto a Laura de Rhonda Fleming tem seu momento feminista ao invocar a ausência de concessões da parte dele em relação à conjuntura amorosa deles. |Wallis-Hazen para Paramount Pictures. 122 minutos.


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