Dicionário Histórico de Cinema Sul-Americano#91: Fernando Ayala

 


AYALA, FERNANDO. (Argentina, 1920-1997). Uma das mais importantes figuras na história do cinema argentino, Fernando Ayala dirigiu um filme audaciosamente crítico, pouco após a queda de Juan Péron, El Jefe (1958), cujo personagem principal pode ser comparado ao líder. Mas será como produtor para a Aries Cinematográfica, a companhia que co-fundou com Héctor Olivera em 1957, que provavelmente será melhor lembrado. 

Ayala nasceu em Gualeguay, Entre Ríos, e estudou Direito, que abandonou em 1942, para se tornar assistente de direção na indústria cinematográfica. Após trabalhar em 10 filmes para diretores como Francisco Mugica e Tulio Demicelli, dirigiu seu primeiro filme em 1949. Seus primeiros cinco filmes não foram de interesse particular, mas formando uma equipe com o jovem roteirista esquerdista David Viñas e co-produzindo com Olivera, realizou uma obra cinematográfica divisora com El Jefe. O filme reconta a relação entre um grupo de jovens delinquentes nos novos subúrbios de classe média de Buenos Aires. Após a morte de uma jovem escolhida pelo líder do grupo (seu chefe), suas bravatas e liderança se diluem. Seus seguidores partem para trajetórias distintas. O filme não apenas expõe a delinquencia da juventude argentina contemporânea, como insinua que seus personagens são típicos produtos da sociedade moderna. Além do que, a imagem de El Jefe foi amplamente reconhecida como uma alegoria da influência de Perón na sociedade argentina, através de uma mescla entre intimidação e recompensas, a vincular seus seguidores a ele.

Após o sucesso de El Jefe com o público e igualmente com a crítica, Ayala, Viñas e Olivera trabalharam juntos em outro filme político, El Candidato (1959), não sendo bem sucedido, talvez por conta das simpatias burguesas de Ayala estarem em desacordo com a crescente consciência de classe de Viñas. De todo jeito, os filmes de Ayala como diretor se tornaram mais comerciais e menos ambiciosos. Chegou a fazer comédias de viés erótico como La Industrial del Matrimonio. No entanto, seu trabalho como produtor de dramas políticos comercialmente bem sucedidos - La Patagonia Rebelde (1974) e Tiempo de Revancha (1981) - e comédias - Nó Habrá mas Penas ni Olvido (1983) - são exemplares. Após 1991, Ayala se envolveu mais com distribuição que produção e na época de sua morte era presidente da Associação dos Diretores de Cinema Argentinos.

Texto: Rist, Peter H. Historical Dictionry of South American Film. Plymouth: Rowman & Littlefield, 2014, pp. 60-1.

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