Filme do Dia: O Francês (2019), Andrei Smirnov

 


O Francês (Frantsuz, Rússia, 2019). Direção: Andrei Smirnov. Fotografia: Yuriy Shaygardanov. Figurinos: Lyudmila Gaintseva. Com: Anton Rival, Evguenya Obraztsova, Evgeniy Tkachuk, Aleksandr Baluev, Natalya Tenyakova, Nina Dobrysheva, Roman Madyanov, Mikhail Efremov.

Em 1957, o estudante francês Pierre Durand (Rival) viaja à Moscou para um intercâmbio acadêmico, cujo pretexto é o de encontrar seu pai, Tatishev (Baluev), circulando em meio aos grupos oficiais e não oficiais do regime. Durand se apaixona pela professora de balé Kira Galkina (Obraztsova). Depois de muita investigação, ele consegue de um burocrata russo, que deixa claro que seus passos são seguidos, que seu pai ainda se encontra vivo. Ele o visita, decepcionando-se com a fria indiferença do mesmo. O que aparentemente se demonstra equivocado, a partir dos desdobramentos dramáticos após esse encontro.

Não se pode dizer que exista propriamente sutileza nessa produção que apresenta interpretações tão pouco naturais, e não as fazendo aparentemente por opção, mas muito mais provavelmente pelo desejo de controle e insegurança de seu realizador, mesmo que possa render momentos de certa estranheza involuntária, como a cena inicial, banhada em seu preto&branco um tanto estetizado, como a querer evocar um pouco o de um fotografia algo esmaecida do passado. Essa sutileza pende ainda menos quando se trata de retratar os próprios (então) soviéticos. O que cheira a certo complexo de vira-lata que o Brasil conhece bem (vide boa parte do Cinema da Retomada, para citar o mínimo), como na forma um tanto caricatamente espalhafatosa que a russa esbraveja no carro para cantar os encantos de Moscou ao francês recém-chegado, em contraste com a absoluta circunspecção e sobriedade do recém-chegado. Ou que Pierre toca nas suscetibilidades de sua anfitriã, ao se referir as dificuldades da mãe em envelhecer, e imediatamente essa abandona a mesa. Bem pior que isso, no entanto, faz-se a falta de foco entre seguir o drama romântico de Pierre por Kira ou a investigação e encontro com seu pai. Ambas as histórias, apesar da profusão de narrativas sobre Tatishev, surgem de forma muito pouco iluminada. E sobre as duas soçobram as dificuldades de se viver em um regime autoritário. E haja ênfase na decadência dos que foram presos políticos em um outro, ou vários momentos de suas vidas. Dito tudo isso, o filme não se rende ao sentimentalismo em nenhum momento.  Marmot Film. 125 minutos.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Filme do Dia: Der Traum des Bildhauers (1907), Johann Schwarzer

Filme do Dia: Quem é a Bruxa? (1949), Friz Freleng

A Thousand Days for Mokhtar